ESPAÇO, HISTÓRIA E MEMÓRIA: OS POTIGUARA NA PARAÍBA
Palavras-chave:
História colonialResumo
Não abunda o interesse historiográfico pelos Potiguara - cujos últimos assumidos remanescentes provavelmente de um território cultural antes bem mais vasto vivem atualmente nos municípios de Baía da Traição, Marcação e Rio Tinto, no litoral setentrional da Paraíba - nem sobre s seus espaços, culturas e gentes. É preciso dobrar a primeira metade do século XX para se encontrar nos títulos gerais de histórias da Paraíba alguma atenção pelos Potiguara e a sua movimentação histórica no processo longo e contraditório de formação da capitania e da instalação portuguesa na região, enfrentando primeiro a concorrência comercial e militar francesa, depois no século XVII a ocupação holandesa e sempre, até quase meados de seiscentos, a oposição muitas vezes feroz e brutal de vários grupos e milícias potiguaras. A arqueologia confirma um processo recente de formação histórica dos espaços atualmente reivindicados como originais e tradicionais pelos Potiguara. Os estudos linguísticos disponíveis sobre os Potiguara também não destacam a memória rigorosa de um espaço cultural arcano e pré-colonial. Os espaços Potiguara de hoje com este sistema de organização agrícola quase binário são tudo menos naturais. Trata-se, antes, de um espaço em recorrentes transformações históricas, demográficas, económicas e sociais que desafia qualquer ideia de um espaço ‘natural’, ‘original’ ou ‘essencial’ dos Potiguara. Seja como for, estas polarizações estruturais são historicamente aquelas que presidiram à exata produção dos espaços que atualmente os Potiguara apresentam como seus, originais, antigos e tradicionais seguindo, afinal, um modelo colonial de ocupação de espaços e especialização das gentes do Brasil.Downloads
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Publicado
2016-12-31
Como Citar
SIMÕES, J. M. da S. ESPAÇO, HISTÓRIA E MEMÓRIA: OS POTIGUARA NA PARAÍBA. Sæculum - Revista de História, [S. l.], n. 35, p. 101–120, 2016. Disponível em: https://periodicos.ufpb.br/index.php/srh/article/view/31042. Acesso em: 22 dez. 2024.
Edição
Seção
Dossiê