Os cárceres da Guanabara através do jornal Ultima Hora (1960-1961)
DOI:
https://doi.org/10.22478/ufpb.2317-6725.2020v25n43.52574Palavras-chave:
Ultima Hora, Guanabara, Violência Policial, Sistema prisional, JornalismoResumo
O presente artigo busca analisar quatro séries de reportagens sobre alguns presídios do estado da Guanabara publicadas pelo jornal carioca Ultima Hora entre 1960 e 1961. Os anos escolhidos compreendem a criação de um novo estado, a eleição de Carlos Lacerda como governador, a reorganização dos serviços de segurança pública, a renúncia de um presidente da República e tentativas de barrar sua sucessão legal, resultando em diversos ruídos possíveis do campo político sobre o campo jornalístico. Não obstante, deve-se pontuar que Carlos Lacerda já apresentava um longo histórico de conflitos com o jornal Ultima Hora, levando a uma ferrenha oposição do jornal ao longo de sua gestão. Cientes desse cenário e dos diversos ruídos possíveis, nossa análise prioriza as formas e alterações de enquadramento jornalístico sobre os presídios, detentos, agentes prisionais e policiais, bem como o Poder Público de forma ampla. A análise revela, ao mesmo tempo, mudanças nas representações coletivas sobre esses assuntos e permanências históricas de arbitrariedades policiais, usualmente associadas ao contexto autoritário posterior a 1964, bem como as denúncias que eclodiriam em 1963 quanto ao extermínio de moradores de rua.
Downloads
Referências
ANTONIO, Mariana Dias. O sensacionalismo no jornal Ultima Hora-RJ: Sinais e ícones do Esquadrão da Morte (1968-1969). 2017. 268p. Dissertação (Mestrado em História), Setor de Ciências Humanas, Universidade Federal do Paraná, Curitiba, 2017.
ARGOLO, José Amaral. As luminárias do medo: vida, paixão e morte do jornalismo policial no eixo Rio de Janeiro-São Paulo. Rio de Janeiro: E-papers, 2008.
BARBOSA, Marialva. História Cultural da Imprensa: Brasil, 1900-2000. 2. ed. Rio de Janeiro: Mauad X, 2007.
BENEVIDES, Maria Victoria de Mesquita. O governo Jânio Quadros. 6. ed. 1. reimpr. São Paulo: Brasiliense, 1999.
BOURDIEU, Pierre. Sobre o Estado: Cursos no Collège de France (1989-1992). Trad. Rosa Freire d’Aguiar. São Paulo: Companhia das Letras, 2014.
CAMPOI, Isabela Candeloro. Adalgisa Nery e as questões políticas de seu tempo (1905-1980). 2008. 269p. Tese (Doutorado em História), Universidade Federal Fluminense, Instituto de Ciências Humanas e Filosofia, Niterói, 2008.
CHAGAS, Carlos. A ditadura militar e os golpes dentro do golpe. Rio de Janeiro: Record, 2014.
DULLES, John W. F. Carlos Lacerda. A vida de um lutador. Trad. Daphne F. Rodger. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2000. v. 2.
FAUSTO, Boris. História do Brasil. 13. ed. 2. reimpr. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 2010.
GÓMEZ, José María. (coord.). Políticas Públicas de Memória para o Estado do Rio de Janeiro: pesquisas e ferramentas para a não-repetição. Relatório de Pesquisa para a Comissão Estadual da Verdade do Rio de Janeiro, ago. 2015. Disponível em: http://doi.org/10.13140/RG.2.2.36713.44648. Acesso em: 25 abr. 2020.
LABAKI, Amir. 1961: a crise da renúncia e a solução parlamentarista. São Paulo: Brasiliense, 1986.
LAURENZA, Ana Maria de Abreu. Lacerda x Wainer: O Corvo e o Bessarabiano. 2. ed. São Paulo: Editora Senac, 1998.
LE GOFF, Jacques. História e Memória. vários tradutores. 5. ed. 2. reimpr. Campinas: Editora da Unicamp, 2006.
LEITÃO, Alexandre Enrique. O Esquadrão da Morte na Imprensa Carioca: a construção narrativa da experiência social e a legitimação da violência policial. 2017. 174p. Dissertação (Mestrado em Comunicação), Escola de Comunicação, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2017.
MCCOMBS, Maxwell. A Teoria da Agenda: a mídia e a opinião pública. Trad. Jacques A. Wainberg. Petrópolis: Vozes, 2009.
MEDEIROS, Benicio. A rotativa parou! Os últimos dias da Ultima Hora de Samuel Wainer. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2009.
MELLO E SOUZA, Cláudio; COELHO, Eduardo (orgs.). Carlos Lacerda / cartas 1933-1976. Rio de Janeiro: Bem-Te-Vi, 2014.
MELLO NETO, David Maciel. “Esquadrão da Morte”: genealogia de uma categoria da violência urbana no Rio de Janeiro (1957 – 1987). 2014. 175p. Dissertação (Mestrado em Sociologia e Antropologia), Instituto de Filosofia e Ciências Sociais, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2014.
MENDONÇA, Marina Gusmão de. O demolidor de presidentes. 2. ed. Códex: São Paulo, 2002.
MISSE, Michel. Malandros, marginais e vagabundos e a acumulação social da violência no Rio de Janeiro. 1999. 413p. Tese (Doutorado em Ciências Humanas: Sociologia), Instituto Universitário de Pesquisas do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 1999.
OLIVEIRA, Frederico Cícero Pereira de. Uma História do “Esquadrão da Morte”: Mitos, Símbolos, Indícios e Violência no Rio de Janeiro (1957-1969). 2016. 173p. Dissertação (Mestrado em História), Faculdade de Formação de Professores, Universidade do Estado do Rio de Janeiro, São Gonçalo, 2016
RIBEIRO, Octavio. Barra Pesada. São Paulo: Círculo do Livro, [s.d.].
ROSE, R. S. Uma das coisas esquecidas: Getúlio Vargas e controle social no Brasil – 1930-1954. Trad. Anna Olga de Barros Barreto. São Paulo: Companhia das Letras, 2001.
SANTOS, Myrian Sepúlveda. Quatro histórias, duas colônias, uma ilha. Rio de Janeiro: Garamond, 2018.
SANDER, Roberto. O crime que abalou a República: violência, conspiração e impunidade no crepúsculo da Era Vargas. Rio de Janeiro: Maquinária, 2010.
SAPOLSKY, Robert M.. Behave: the biology of humans at our best and worst. Nova Iorque: Penguin Press, 2017.
TELES, Janaína de Almeida. Ditadura e repressão no Brasil e na Argentina: paralelos e distinções (Apresentação). In: CALVEIRO, Pilar. Poder e desaparecimento: os campos de concentração na Argentina. Trad. Fernando Correa Prado. São Paulo: Boitempo, 2013. p. 7-18.
VARIKAS, Eleni. A escória do mundo: figuras do pária. Trad. Nair Fonseca & João Alexandre Peschanski. São Paulo: Editora Unesp, 2014.
WAINER, Samuel. Minha razão de viver: memórias de um repórter. 11. ed. Rio de Janeiro: Record, 1988.
ZAFFARONI, Eugenio Raúl. O inimigo no direito penal. Trad. Sérgio Lamarão. 3. ed. 3. reimpr. Rio de Janeiro: Revan, 2015.