“Mulheres turbulentas e de má vida”

as visitantes e a dinâmica do encarceramento na Casa de Detenção do Recife (1861-1875)

Autores

DOI:

https://doi.org/10.22478/ufpb.2317-6725.2021v26n44.57194

Palavras-chave:

Casa de Detenção, Visitantes, Interação

Resumo

Este artigo se insere no âmbito das pesquisas que tematizam a história dos estabelecimentos prisionais existentes no Brasil na vigência do regime imperial. Aborda alguns aspectos ainda pouco explorados da complexa relação histórica que entrelaçava e conectava a sociedade e as instituições prisionais no Oitocentos, ao passo que enfatiza as interações e sociabilidades erigidas entre os detentos e as mulheres visitantes na Casa de Detenção do Recife, no contexto da gestão do administrador Augusto Rufino de Almeida (1861-1875). Pretendemos demonstrar como a contiguidade da instituição com a dinâmica da cidade e seus bulícios implicava na presença diária de visitantes na instituição que atuavam no sentido de redefinir projetos e esmaecer premissas da reforma prisional oitocentista. Por fim, problematizamos o aprendizado social acumulado por esses indivíduos a partir dessa experiência social de idas e vindas ao “mundo dos encarcerados”.

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Biografia do Autor

Aurelio de Moura Britto, Universidade Federal de Pernambuco

Aurélio de Moura Britto é doutor em História pela Universidade Federal de Pernambuco. Docente do curso de licenciatura plena em história da UNIVISA –Centro Universitário da Vitória de Santo Antão.

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Publicado

2021-07-29

Como Citar

BRITTO, A. de M. “Mulheres turbulentas e de má vida”: as visitantes e a dinâmica do encarceramento na Casa de Detenção do Recife (1861-1875). Saeculum, [S. l.], v. 26, n. 44 (jan./jun.), p. 175–189, 2021. DOI: 10.22478/ufpb.2317-6725.2021v26n44.57194. Disponível em: https://periodicos.ufpb.br/index.php/srh/article/view/57194. Acesso em: 28 mar. 2024.