Professores em tempos sombrios: objetivações da ética no Ensino de História
DOI:
https://doi.org/10.22478/ufpb.2317-6725.2021v26n45.60375Palavras-chave:
Ética, Experiência docente, Ensino de HistóriaResumo
Buscamos neste ensaio debater acerca dos rumos de uma ética no Ensino de História. Objetivamos situar elementos da vida cotidiana e da prática docente como formas constitutivas de caminhos para uma ética no interior das salas de aula. Para tanto, apresentaremos o andamento do debate mencionado, estabelecendo uma interlocução com autores de referência. Seguiremos neste percurso com duas perspectivas sobre o tema: a ética como elemento norteador de nossa ação profissional, bem como a ética enquanto componente intrínseco ao saber histórico escolar, permeando toda a relação de ensino-aprendizagem da nossa disciplina. Traremos à baila também interlocuções com a docência na educação básica, intencionando-se lançar inteligibilidade acerca dos saberes experienciais, promovendo-se um diálogo entre teoria e empiria. Em nossas análises, encontramos resultados interessantes. Foi a partir destes problemas e das múltiplas crises vivenciadas em nosso país que se origina, na comunidade disciplinar de professores, professoras, pesquisadores e pesquisadoras do Ensino de História, o debate da ética. A partir das contribuições de colegas, observamos que tal ensino pode ser ético na medida em que concebemos o outro colocado no interior da sala de aula, e dos processos que chamamos de ensino-aprendizagem, como ser humano. O outro entra em cena, mas entra em cena em um determinado tempo e em um determinado espaço. Portanto, é momento de repensar os paradigmas orientadores das nossas funções. Estes poderiam possibilitar a formação de um olhar compassivo, empático diante das diferenças características de nossa condição humana. Precisamos de uma abordagem para o ensino de História que contemple não apenas a dimensão cognitiva, mas também a afetiva e a Ética. Defendemos assim um ensino de História comprometido com a ética nascida da riqueza que representa a experiência humana, essa corajosa aventura coletiva.
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