Os fundamentos do saber no Didascálicon, de Hugo de São Vítor: Uma análise sobre a representação medieval da natureza humana em sua relação com a Sabedoria divina

Autores

DOI:

https://doi.org/10.22478/ufpb.2317-6725.2022v27n46.61842

Palavras-chave:

Mística especulativa, Educação medieval, Escola de São Vitor

Resumo

Neste artigo, analisaremos os fundamentos do saber apresentados no programa escolar do cônego parisiense Hugo de São Vítor (†1141) de título Didáscalicon: da Arte de Ler (1127). Partimos da premissa de que qualquer tentativa mínima de reconstrução de uma teoria medieval do conhecimento está sujeita à análise da relação do homem com Deus, sobretudo se tratando da análise da proposta curricular de Hugo de São Vítor, o qual considera até mesmo a dimensão teórica (portanto divina) das artes mecânicas como partes da “filosofia” (i.e., do amor à Sapiência). Portanto, iniciaremos nosso estudo buscando compreender o recorrente conceito de Sapiência na obra vitorina a partir da análise da transmissão cultural dos platonismos dos Padres da Igreja até o século XII. Em seguida, buscaremos apreender em Hugo de São Vítor sua representação da alma humana e suas qualidades naturais (memoria e ingenium), como também o importante conceito teológico medieval de “iluminação” do espírito, buscando compreende-lo como um capacitador da compreensão da realidade verdadeira a partir do desanuviar dos olhos da contemplação. No final do artigo, faremos uma reflexão sobre as vantagens desse método de análise do conhecimento medieval, apontando também as possibilidades de continuidade deste estudo a partir de outras fontes e subtópicos de pesquisa.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

João Paulo dos Santos Neto, Universidade Federal do Amazonas

Graduado, Mestre e Doutorando em História pela Universidade Federal do Amazonas, além de professor efetivo na SEDUC-AM. Concentra seus estudos e trabalhos na área de História, com interesse particular na história do ascetismo e da teologia mística dos cônegos parisienses de São Vítor. Além disso, é participante ativo do grupo de pesquisa Imaginário e Cultura no Ocidente Medieval, liderado pelo Dr. Sínval Mello Gonçalves (UFAM). Atualmente cursa o doutorado em História pela Universidade Federal do Amazonas, com auxílio financeiro da FAPEAM através do POSGRAD – Edição 2021-2022.

Referências

Fontes

ABELARDO, Pedro. Ética, ou Conhece-te a ti mesmo (Scito et ipsum). Campinas: Ecclesiae, 2016.

AGOSTINHO, Santo. A doutrina cristã: manual de exegese e formação cristã. São Paulo: Paulus, 2014.

AGOSTINHO, Santo; AQUINO, Santo Tomás de. Sobre o mestre. Campinas: Kírion, 2017.

CLARAVAL, São Bernardo. Opúsculo sobre o livre-arbítrio. Campinas: Ecclesiae, 2013.

DE SÃO VÍTOR, Hugo. De unione corporis et spiritus. In: PORCELL, Joan Martínez. De unione corpis et spiritus. Espíritu LXIV. [s.n.], n 150, p. 397-421, 2015.

DE SÃO VÍTOR, Hugo. Didascálicon da arte de ler. Petrópolis: Vozes, 2001.

DE SÃO VÍTOR, Hugo. Noah’s Ark I. In: Hugh of Saint-Victor: Selected Spiritual Writings. Eugene, Oregon: Wipf & Stock, 2009, p. 45-156.

DE SÃO VÍTOR, Hugo. The three best memory-aids for learning history. In: Carruthers, Mary. The book of memory. Cambrigde: Cambrige Universiy Press, 2008, p. 339-344.

DE SÃO VÍTOR, Hugo. Didascálicon sobre a arte de ler. Campinas: Kírion, 2018.

KANT [et al.]. O que é esclarecimento? Rio de Janeiro: Via Verita, 2011.

PLATÃO, Diálogos V: O banquete; Mênon (ou da virtude); Timeu, Crítias. Bauru: EDIPRO, 2010.

SÃO VÍTOR, Hugo de. A arte de Ler. Campinas: Vide Editorial, 2015.

Referências

Oxford Latin Dicitionary. Oxford University Press, Ely House, London W.I, 1968.

BASCHET, Jêrómê. A civilização feudal: do ano mil à colonização da América. São Paulo: Globo, 2006.

BONI, Luiz Alberto de. A ciência e a organização dos saberes na Idade Média. Porto Alegre: EDIPUCRS, 2000.

BROCCHIERI, Mariateresa. O intelectual. In: LE GOFF, Jacques. O homem medieval. Lisboa: Editorial Presença, 1989, p. 125-141.

CARRUTHERS, Mary. Uma arte medieval para a invenção e para a memória: a importância do “lugar”. Remate de Males, vol. 26, n. 1, p. 17-29, 2006.

CARRUTHERS, Mary. The book of memory. Cambrigde: Cambrige Universiy Press, 2008

CHENU, Marie-Dominique. Nature, man and society in the twelfth century. Chicago: University of Chicago Press, 1997.

GILSON, Etienne. A filosofia na Idade Média. São Paulo: Martins Fontes, 1995.

ILLICH, Ivan. In the Vineyard of the Text. Chicago: The University of Chicago Press, 1993.

LE GOFF, Jacques. Os intelectuais na Idade Média. Rio de Janeiro: José Olympio, 2003.

LE GOFF, Jacques. A civilização do Ocidente medieval. Petrópolis: Vozes, 2016.

KOBUSCH, Theo (org.). Filósofos da Idade Média: uma introdução. Porto Alegre: Editora Unisinos, 2005.

LIBERA, Alain. A filosofia medieval. São Paulo: Edições Loyola Jesuítas, 2017.

LIBERA, Alain. A filosofia medieval. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editora, 1989.

MORA, José Ferrater. Diccionario de Filosofía. Tomo I, Buenos Aires: Editorial Sudamericana, 1964.

MORA, José Ferrater. Dicionário de Filosofia. São Paulo: Martins Fontes, 2001.

NUNES, Ruy Afonso da Costa. História da Educação na Idade Média. Campinas: Kírion, 2018.

ROREM, Paul. Hugh of Saint Victor: great medieval thinkers. New York: Oxford University Press, 2009.

SILVA, Filipe. Teologia e teoria das ciências em Hugo de S. Victor. Medievalia. Textos e estudos, 21, 2002.

TAYLOR, Jerome. The Didascalicon of Hugh of Saint Victor. Nova York: Columbia University Press, 1991.

VERGER, Jacques. Homens e Saber na Idade Média. Bauru: Edusc, 1999.

SANTOS NETO, João. Pensados na Mente de Deus: os fundamentos do saber em Hugo de São Vítor. Dissertação (Mestrado em História). Manaus: Universidade Federal do Amazonas, 2021.

Downloads

Publicado

2022-07-08

Como Citar

SANTOS NETO, J. P. dos. Os fundamentos do saber no Didascálicon, de Hugo de São Vítor: Uma análise sobre a representação medieval da natureza humana em sua relação com a Sabedoria divina. Saeculum, [S. l.], v. 27, n. 46 (jan./jun.), p. 10–23, 2022. DOI: 10.22478/ufpb.2317-6725.2022v27n46.61842. Disponível em: https://periodicos.ufpb.br/index.php/srh/article/view/61842. Acesso em: 28 mar. 2024.