O sujeito-grupo trans como ficção estético-política viva: da lógica da identidade à relacionalidade e à politicidade fundantes
DOI:
https://doi.org/10.18012/arf.v7iesp.55468Palavras-chave:
Corpo Trans, Ficção Estético-Política, Parlamento dos Corpos, Politização, Desnaturalização, FascismoResumo
Refletiremos no texto sobre a ideia do sujeito-grupo trans como ficção estético-política viva que se assume como perspectiva antifascista e antitotalitária a partir do enfrentamento da lógica da identidade pré-política, pré-cultural e a-histórica que embasa a compreensão fascista-colonialista-racista-heteronormativa de sociedade-cultura-antropologia, afirmando, por meio da voz-práxis trans em sua cruzada antifascista e antitotalitária, a relacionalidade e a politicidade fundantes dessa mesma sociedade-cultura-antropologia. Nesse sentido, desenvolveremos alguns argumentos básicos, caudatários dessa dinâmica própria ao pensamento-práxis trans: (a) as minorias político-culturais – o/a trans, o gay, o/a negro/a, o/a índio/a, a mulher – são construções sociais, historicamente localizadas e politicamente realizadas, não tendo uma constituição pré-política, pré-cultural e a-histórica; (b) eles são caudatários, na cultura ocidental, da correlação de fascismo-colonialismo-racismo-sexualidade compulsória e servem de base para a justificação dos processos de normalização e, assim, de apoliticidade-despolitização próprios ao totalitarismo e seu núcleo básico, o medo, o estigma e a morte que nutrem a hegemonia pública do fascismo; (c) as minorias político-culturais na esfera pública instituem uma perspectiva de descolonização da cultura e de descatequização da mente por meio da entabulação de uma voz-práxis direta, carnal, vinculada, política e politizante, em que suas singularidades e sua condição de menoridade (a violência vivida e sofrida como sujeito-grupo-condição antinatural, moralmente decaído) serve como aguilhão crítico e politizador do fascismo-colonialismo-racismo-heteronormatividade e como utopia ética de um mundo novo e de um novo ser humano; e, com isso, (d) a centralidade, para a democracia, do lugar de fala das e pelas minorias político-culturais que, por meio de suas cores, sexos, gêneros, histórias e experiências, constituem-se como voz-práxis antifascista e antitotalitária que impulsiona a democracia, o pluralismo, os direitos humanos e a política enquanto eixos estruturantes dessa mesma democracia.
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