TEMPORALIDADES ACELERADAS NO NEOLIBERALISMO

um olhar para a escola contemporânea

Autores

DOI:

https://doi.org/10.15687/rec.v17i2.70375

Palavras-chave:

Tempo, Aceleração, Neoliberalismo, Escola

Resumo

Este ensaio teórico tem por objetivo discutir como as temporalidades de diferentes acelerações podem contribuir para pensar o espaço e os currículos da escola contemporânea. Para isso, dividiu-se o trabalho em três partes. Na primeira, apresentou-se o conceito de aceleração e seus efeitos na dimensão subjetiva mediante argumentos advindos do campo da Psicologia. Na segunda, investigou-se a aceleração e como ela tem figurado nas temporalidades características da contemporaneidade. Na terceira, traçou-se uma distinção analítica entre a escola moderna e a escola contemporânea a fim de se verificar os efeitos das temporalidades nos currículos escolares. Dessas análises, concluiu-se que a experiência temporal da aceleração é produzida pelo neoliberalismo e tem efeitos nos processos de subjetivação por meio do governo temporal. Verificou-se a existência de múltiplas temporalidades, aceleradas e desaceleradas, que são impulsionadas pela concorrência típica do neoliberalismo e coexistem no mundo social e em nossa subjetividade. Em relação à escola contemporânea, percebeu-se que os seus currículos têm sido constituídos por temporalidades aceleradas que possuem formas sincronizadas e dessincronizadas. Por fim, demonstrou-se a tese de que tanto a norma de conduta quanto o modelo de subjetivação neoliberal pode ser compreendido desde uma perspectiva temporal que produz efeitos na escola contemporânea.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Métricas

Carregando Métricas ...

Biografia do Autor

Ana María Bermúdez Alfaro, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Brasil.

Mestre em Antropologia pela Universidade Nacional da Colômbia e doutoranda em Educação pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul.

 

Fernando Fogaça, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Brasil.

Doutor em Educação pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul e Professor da mesma instituição.

Referências

CARBONELL, Eliseu. Debates acerca de la antropologia del tiempo. Barcelona: Edicións Universitat Barcelona, 2004.

CRISTIANO, Javier Luis. Tiempo-regla, tiempo-recurso y tiempo-sentido: aspectos de la estructuración del tiempo social. Athenea Digital, Bellaterra, v. 18, n. 3, p. 1-19, 2018. DOI: https://doi.org/10.5565/rev/athenea.2134. DOI: https://doi.org/10.5565/rev/athenea.2134

DARDOT, Pierre; LAVAL, Christian. A nova razão do mundo: ensaio sobre a sociedade neoliberal. 1. ed. São Paulo: Boitempo, 2016.

FERREIRA, Sabrina Mendonça; EMILIÃO, Soymara Vieira. “Não é um ano perdido”: resistência de professoras, temporalidades e invenções em cotidianos escolares pandêmicos. Revista Teias, Rio de Janeiro, v. 23, n. 70, p. 403-412, jul./set. 2022. DOI: https://doi.org/10.12957/teias.2022.60458. DOI: https://doi.org/10.12957/teias.2022.60458

FOUCAULT, Michel. Vigiar e punir: nascimento da prisão. 20. ed. Petrópolis: Vozes, 1999.

FRANCH, Mónica; SOUZA, Joseline Pequeno de. Clocks, calendars and cell phones: an ethnography on time in a high school. Vibrant: Virtual Brazilian Anthropology, Brasília, DF, v. 12, n. 2, p. 417-450, 2015. DOI: 10.1590/1809-43412015v12n2p417. DOI: https://doi.org/10.1590/1809-43412015v12n2p417

GROS, Frédéric. Desobedecer. Tradução de Célia Euvaldo. São Paulo: Ubu, 2018.

GUSMÃO, Luka de Carvalho; JESUS, Alan Willian de; MARQUES, Luciana Pacheco. Caleidoscópio do ser e dos tempos no currículo: quando as diferenças transbordam no cotidiano escolar. Revista Espaço do Currículo, João Pessoa, v. 13, n. especial, p. 711-725, dez. 2020. DOI: 10.22478/ufpb.1983-1579.2020v13nEspecial.54741. DOI: https://doi.org/10.22478/ufpb.1983-1579.2020v13nEspecial.54741

HASSAN, Robert. Empires of speed: time and the acceleration of politics and society. Leiden: Brill, 2009. DOI: https://doi.org/10.1163/ej.9789004175907.i-254

HERNÁNDEZ ZAPATA, Edwin Alexander; BEDOYA HERNÁNDEZ, Mauricio Hernando. Tiempo y gubernamentalidad: aproximaciones al gobierno del tiempo en el neoliberalismo. Qualitative Report, Fort Lauderdale, v. 27, n. 10, p. 2313-2336, 1 out. 2022. DOI: 10.46743/2160-3715/2022.5472. DOI: https://doi.org/10.46743/2160-3715/2022.5472

LAVAL, Christian. A escola não é uma empresa: o neoliberalismo em ataque ao ensino público. 1. ed. São Paulo: Boitempo, 2019.

LEMOS, Tayara Talita; QUINALHA, Renan. O neoliberalismo do tempo presente e a urgência de uma justiça de transição pós-neoliberal. Projeto História, São Paulo, v. 77, p. 157-180, maio/ago. 2023. DOI: 10.23925/2176-2767.2023v77p157-180. DOI: https://doi.org/10.23925/2176-2767.2023v77p157-180

MAIA, Ari Fernando. Aceleração e educação: reflexões pontuais sobre a temporalidade na escola. Revista Eletrônica de Educação, São Carlos, v. 11, n. 2, p. 368-383, 21 ago. 2017. DOI: 10.14244/198271992149. DOI: https://doi.org/10.14244/198271992149

PARAÍSO, Marlucy Alves. Metodologias de pesquisas pós-críticas em educação e currículo: trajetórias, pressupostos, procedimentos e estratégias analíticas. In: PARAÍSO, Marlucy Alves; MEYER, Dagmar Estermann (org.). Metodologias de pesquisas pós-críticas em educação. Belo Horizonte: Mazza Edições, 2012. p. 23-46.

ROSA, Harmut. Alineación y aceleración: hacia una teoría crítica de la temporalidad en la modernidad tardía. 1. ed. Buenos Aires: Katz Editores, 2016. DOI: https://doi.org/10.2307/j.ctvndv5zf

SAFATLE, Vladimir; SILVA JUNIOR, Nelson da; DUNKER, Christian (org.). Neoliberalismo como gestão do sofrimento psíquico. Belo Horizonte: Autêntica, 2021.

SARAIVA, Karla; VEIGA-NETO, Alfredo. Modernidade líquida, capitalismo cognitivo e educação contemporânea. Educação & Realidade, Porto Alegre, v. 34, n. 2, p. 187-201, 2009.

SIBILIA, Paula. Redes ou paredes?: a escola em tempos de dispersão. Tradução de Vera Ribeiro. Rio de Janeiro: Contraponto, 2012.

SILVA, Tomaz Tadeu da. Documentos de identidade: uma introdução às teorias do currículo. 3. ed. Belo Horizonte: Autêntica, 2009.

SPAT, Vanessa da Silva Rocha de Quadros. O tempo no cotidiano da creche: desafios e possibilidades. 2019. 164f. Dissertação (Mestrado em Educação) – Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2019.

SUGARMAN, Jeff; THRIFT, Erin. Neoliberalism and the psychology of time. Journal of Humanistic Psychology, New York, v. 60, n. 6, p. 1-22, 1 nov. 2017. DOI: 10.1177/0022167817716686. DOI: https://doi.org/10.1177/0022167817716686

THOMPSON, Edward Palmer. Tiempo, disciplina de trabajo y capitalismo industrial. In: THOMPSON, Edward Palmer. Costumbres en común. Barcelona: Crítica, 2000. p. 395-452.

VALENCIA GARCÍA, Guadalupe. Aproximaciones a la pluralidad temporal. História Revista, Goiânia, v. 17, n. 1, 18 dez. 2012. DOI: 10.5216/hr.v17i1.21691. DOI: https://doi.org/10.5216/hr.v17i1.21691

VÁZQUEZ RECIO, Rosa. Reflexiones sobre el tiempo escolar. Revista Iberoamericana de Educación, Madrid, v. 42, n. 6, p. 1-11, 10 maio 2007. DOI: https://doi.org/10.35362/rie4262373. DOI: https://doi.org/10.35362/rie4262373

WITTGENSTEIN, Ludwig. Investigações filosóficas. Tradução de Marcos G. Montagnoli. 9. ed. Petrópolis: Vozes; Bragança Paulista: Editora Universitária São Francisco, 2014.

Downloads

Publicado

26-08-2024

Como Citar

ALFARO, A. M. B.; FOGAÇA, F. TEMPORALIDADES ACELERADAS NO NEOLIBERALISMO: um olhar para a escola contemporânea. Revista Espaço do Currículo, [S. l.], v. 17, n. 2, p. e70375 , 2024. DOI: 10.15687/rec.v17i2.70375. Disponível em: https://periodicos.ufpb.br/ojs/index.php/rec/article/view/70375. Acesso em: 26 set. 2024.