A dor da solidão
erotização do olhar em A cidade sitiada
DOI:
https://doi.org/10.22478/ufpb.2237-0900.2020v16n2.54615Resumo
O objetivo deste trabalho é analisar a dor da solidão, vivenciada pela personagem Lucrécia Neves, da obra A Cidade Sitiada, de Clarice Lispector, cuja manifestação máxima é a erotização do olhar. Nossa tese é a de que os investimentos libidinais, nas zonas oculares, estão associados à inveja excessiva, à ansiedade paranoide, a um superego arcaico avassalador, e, por conseguinte, a um Édipo mal sucedido, já estruturado no estágio oral da fase pré-genital, quando o ego ainda é muito imaturo para defender-se do poder tirânico dos instintos de agressividade, inveja e ódio, fatores preponderantes nos processos de introjeção dos objetos primordiais, sobretudo, a mãe. Desse modo, esta análise fundamenta-se, essencialmente, no pensamento de Klein (1996; 1981; 1975; 1974), no que tange aos seus conceitos de inveja, ansiedade paranoide e superego arcaico. A nosso ver, a solidão de Lucrécia Neves remonta à cena primordial, aos anseios persecutórios, expressões de seu recalque edipiano.
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