Atos de ficcionalizar e emancipação do leitor: para além do oxigênio

Autores

  • Carmen Sevilla Gonçalves dos Santos

DOI:

https://doi.org/10.22478/ufpb.1516-1536.2020v22n2.52620

Palavras-chave:

Atos de ficcionalização, Teoria do efeito estético, Antropologia literária, Teoria histórico-cultural, Emancipação

Resumo

Este artigo discorre sobre a relação entre os atos de ficcionalização em leitura literária e a emancipação do leitor. Para tanto, iniciamos pelo cotejo entre a Estética da Recepção e a Teoria do Efeito Estético, no que se refere aos seus aspectos teóricos e metodológicos. Esse paralelo nos revelou, antes, o caráter suplementar de tais teorias do que uma complementaridade entre elas, como outrora propagado. Na sequência, circunscrevemos a discussão sobre os atos de ficcionalizar e a emancipação do leitor no entre-lugar heurístico formulado tanto pela Teoria Histórico-Cultural — do psicólogo russo Lev. S. Vigotski — como pela Teoria do Efeito Estético, e seu prolongamento, a Antropologia Literária — ambas de Wolfgang Iser. A seguir, dissertamos sobre a experiência estética, a importância da incursão do leitor real nessa experiência e a biunívoca relação entre os conceitos fundantes das teorias vigotskiana e iseriana, mostrando como a primeira serve à segunda. Por fim, a argumentação culmina na relevância do ato de mapear a experiência estética como chave para autoconsciência dos processos cognitivos e metacognitivos vivenciados pelo leitor de leitura ficcional ao construir sentido. Essa autoconsciência pode viabilizar o manejo de tais processos, favorecendo o alcance de níveis mais complexos de emancipação. A compreensão da experiência estética é — do nosso ponto de vista — determinante para fomentar uma leitura emancipadora, aproximando-nos, ainda que minimamente, das muitas possibilidades do que somos.

 

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Biografia do Autor

Carmen Sevilla Gonçalves dos Santos

Possui Doutorado em Letras (Teoria da Literatura) pela Universidade Federal de Pernambuco (2007); Mestrado em Psicologia (Psicologia Social) pela Universidade Federal da Paraíba (1995); Formação de Terapeutas em Análise Bioenergética pela Comunidade-Escola Libertas (2002); Graduação em Licenciatura em Psicologia (1989) e Formação de Psicólogo (1990) pela Universidade Federal da Paraíba (informado pelo editor). 

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Publicado

15.10.2020

Edição

Seção

DOSSIÊ: LITERATURA - EDUCAÇÃO, RECEPÇÃO E CIRCULAÇÃO DE OBRAS LITERÁRIAS