Atos de ficcionalizar e emancipação do leitor: para além do oxigênio
DOI:
https://doi.org/10.22478/ufpb.1516-1536.2020v22n2.52620Palavras-chave:
Atos de ficcionalização, Teoria do efeito estético, Antropologia literária, Teoria histórico-cultural, EmancipaçãoResumo
Este artigo discorre sobre a relação entre os atos de ficcionalização em leitura literária e a emancipação do leitor. Para tanto, iniciamos pelo cotejo entre a Estética da Recepção e a Teoria do Efeito Estético, no que se refere aos seus aspectos teóricos e metodológicos. Esse paralelo nos revelou, antes, o caráter suplementar de tais teorias do que uma complementaridade entre elas, como outrora propagado. Na sequência, circunscrevemos a discussão sobre os atos de ficcionalizar e a emancipação do leitor no entre-lugar heurístico formulado tanto pela Teoria Histórico-Cultural — do psicólogo russo Lev. S. Vigotski — como pela Teoria do Efeito Estético, e seu prolongamento, a Antropologia Literária — ambas de Wolfgang Iser. A seguir, dissertamos sobre a experiência estética, a importância da incursão do leitor real nessa experiência e a biunívoca relação entre os conceitos fundantes das teorias vigotskiana e iseriana, mostrando como a primeira serve à segunda. Por fim, a argumentação culmina na relevância do ato de mapear a experiência estética como chave para autoconsciência dos processos cognitivos e metacognitivos vivenciados pelo leitor de leitura ficcional ao construir sentido. Essa autoconsciência pode viabilizar o manejo de tais processos, favorecendo o alcance de níveis mais complexos de emancipação. A compreensão da experiência estética é — do nosso ponto de vista — determinante para fomentar uma leitura emancipadora, aproximando-nos, ainda que minimamente, das muitas possibilidades do que somos.
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