É proibido proibir? Vetos à literatura em tempos conservadores
DOI:
https://doi.org/10.22478/ufpb.1516-1536.2020v22n2.52869Palavras-chave:
Representação literária, Censura, Direito à literaturaResumo
Este texto visa a pensar sobre avanços e desafios dos estudos literários em tempos em que o amplo desenvolvimento dos meios de produção e circulação indicam vida longa à literatura, mas os espaços formativos do leitor sofrem cerceamentos advindos de forças externas aos contextos especializados. Como garantir o direito à leitura de textos literários, sem recortes de classe e sem subestima da capacidade do leitor de construir suas leituras? Como reagir a um movimento sistêmico de censura aos livros literários? Como construir uma argumentação consistente em tempos em que a voga é o elogio à ignorância? A partir de um percurso desde o conceito de representação e de seu lugar na experiência humana, este texto analisa as relações da literatura com o real, em seu caminho de resistência ao sistema de signos linguísticos, à dimensão social e à limitação humana em todas as suas formas. A proibição ou moção de repúdio a certas obras literárias por parte de instituições públicas e privadas constitui o corpus para análise das modalidades de censura que se apresentam na contemporaneidade.
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