A morte fala sério mesmo quando faz rir: o riso desconcertante de José Saramago
DOI:
https://doi.org/10.22478/ufpb.1516-1536.2021v23n1.57694Palavras-chave:
Saramago, Riso, Ironia, Humor, FantásticoResumo
Conhecido por romances que tratam de temas sérios e edificantes, José Saramago, em sua última fase de produção romanesca, nos apresenta uma face humorística, que compreende os três últimos romances publicados em vida. Neste artigo, buscamos fazer uma leitura do primeiro dessa tríade, As intermitências da morte (2005), em que nos é apresentado um universo insólito a partir da greve de uma morte-personagem a reivindicar seus direitos de ser notada. Assunto sério por excelência, é trabalhado através do humor, e ocasiona um riso desconcertante no leitor, impelindo-o a refletir sobre sua própria condição de ser humano. Com base nos estudos de Hutcheon (1985), Duarte (2006), Propp (1992), D’Angelli e Paduano (2007), Alberti (1999), Minois (2003) e Roas (2014), é possível observar como a narrativa transcende a realidade, subvertendo-a pelo riso, pela paródia e pela ironia, assim como pelo recurso ao fantástico. Esses elementos são responsáveis por motivar uma nova reflexão sobre o tema da morte. O riso desconcertante nesse romance atua como um indício de que é preciso revermos nossa forma de enxergar a morte e nos transformarmos a partir dessa reflexão. É possível inferir que, por meio do fantástico, Saramago estimula o desenvolvimento intelectual e ético do sujeito e nos exige ousadia para transcender o velho e encontrar um novo significado para a morte.
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Referências
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