Intraduzibilidade: polêmica tradutória no Journal des Débats

Autores

  • Cristian Cláudio Quinteiro Macedo UFRGS
  • Patrícia Chittoni Ramos Reuillard UFRGS

Palavras-chave:

crítica literária, crítica de tradução, historiografia da tradução, intraduzibilidade

Resumo

O presente artigo é o resultado de uma pesquisa de Historiografia da Tradução. Seu objetivo é apresentar ao leitor de língua portuguesa um episódio significativo da história do pensamento tradutório. No período em que se desenvolvia a célebre crítica literária do Journal des Débats, a posição sobre a tradução de um dos seus mais importantes articulistas movimentou o meio literário ao levantar a questão sobre a traduzibilidade das obras da Antiguidade Clássica. Jean Joseph Dussault defendeu veementemente o que chamou de seu sistema, no qual sustentava a intraduzibilidade dos antigos. Por outro lado, seu amigo e colega de redação, Charles Marie Dorimond de Féletz, discordava dessa posição. Diante da veemência e da intransigência da crítica de Dussault, Féletz apresentava um posicionamento entendido como uma justa medida entre a radicalidade da intraduzibilidade e a avalanche de traduções do mercado editorial do período. A postura rígida de Dussault parece ter selado sua carreira no jornal, abrindo espaço para uma nova fase na crítica de traduções desse veículo, então sob a liderança de Féletz, o vencedor do debate. Apesar disso, em termos teóricos, Dussault aponta horizontes para as possíveis utilidades da tradução como a formação de escritores, aperfeiçoamento de professores e publicações de obras técnicas.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Cristian Cláudio Quinteiro Macedo, UFRGS

Graduado em História pela Ufrgs, meste em Letras e doutorando pela mesma instituição.

Patrícia Chittoni Ramos Reuillard, UFRGS

Professora do Departamento de Línguas Modernas e do Programa de Pós-Graduação em Letras; Núcleo de Estudos deTradução Olga Fedossejeva (NET), do Instituto de Letras, UFRGS

 

Referências

ACADÉMIE FRANÇAISE. Dictionnaire de l’Académie française. 1. Ed. Paris : Coignard, 1694.

ACADÉMIE FRANÇAISE. Dictionnaire de l’Académie française. 6. Ed. Paris : Firmin-Didot, 1835.

BOISJOLIN, V. ; RABBE ; SAINTE-PREUVE. Biographie universelle et portative des contemporains. T. 2. Paris : Levrault, 1835.

CHARLE, C. Le siècle de la presse, 1830-1939. Paris : Seuil, 2004.

D’HULST, L. Essais d’histoire de la traduction : Avatars de Janus. Paris : Classiques Garnier, 2014.

D’HULST, L. Pour une historiographie des théories de la traduction : questions de méthode. TTR, v. 8, n. 1, p. 3-33, 1995.

DUSSAULT, J. J. Les Commentaires de César. Journal d’Empire. Paris : 06 ago. 1813a, Variétés, p. 1-4.

DUSSAULT, J. J. Oraisons choisies de Cicéron. Journal d’Empire. Paris : 14 jul. 1813b, Variétés, p. 1-4.

DUSSAULT, J. J. Salluste. Journal d’Empire. Paris : 13 dez. 1812, Variétés, p. 1-4.

ECKARD. Avertissement. In : DUSSAULT, J. Annales littéraires. T. I. Paris : Maradan, 1818.

EMPIRE Français. Journal d’Empire. Paris : 21 set. 1813, p. 2-4.

FÉLETZ, C. M. D. Jugements historiques et littéraires. Paris : Perisse, 1840.

FÉLETZ, C. M. D. L’Énéide de Virgile. Journal des débats politiques et littéraires. Paris : 31 jul. 1826, Variétés, p. 3-4.

FÉLETZ, C. M. D. Odes d’Anacréon. Journal des débats politiques et littéraires. Paris : 22 dez. 1818, Variétés, p. 3-4.

FÉLETZ, C. M. D. Odes d’Anacréon, traduites en vers, sur le texte de Brunk, par J. B. de Saint-Victor. Journal de L’Empire. Paris : 19 dez. 1811, Variétés, p. 1-4.

FÉLETZ, C. M. D. Odes d’Anacréon, traduites en vers, sur le texte de Brunk, par J. B. de Saint-Victor. Seconde édition revue et corrigée. Journal des débats politiques et littéraires. Paris: 28 set. 1814, Variétés, p. 1-4.

HOLMES, J. S. The Name and Nature of Translation Studies. In: VENUTI, Lawrence (Ed.). The Translation Studies Reader. London: Routledge, 2000. P. 172-185.

HURTADO ALBIR, A. Enseñar a traducir: metodología en la formación de traductores e intérpretes. Madrid : Edelsa, 1994.

JURT, J. Le siècle de la presse et la littérature en France. Romanistische Zeitschrift für Literaturgeschichte/ Cahiers d’Histoire des Littératures Romanes, n. 37, p. 275-305, 2013.

LAROUSSE, P. Grand dictionnaire universel du XIXe siècle. T. VIII. Paris : Administration du grand Dictionnaire universel, 1872.

LÉPINETTE, B. (1997) La historia de la traducción. Metodología. Apuntes bibliográficos. In: LÓPEZ, P.; SABIO PINILLA, J. Historiografía de la traducción en el espacio ibérico. Cuenca : Universidad de Castilla, 2015. P. 139-152.

MONFALCON, J. B. Essai sur la vie et les Ouvrages d’Anacréon. In : ANACRÉON. Odes d’Anacréon. Paris: Didot, 1835. pp. xi-xix.

THIBAUDET, A. Physiologie de la critique. Paris: Nouvelle Revue Critique, 1930.

WEISS, J.J. Le livre du centenaire du Journal des Débats : 1789-1889. Paris : Plon et Plon, Nourrit et Cie, 1889.

WOODSWORTH, J. History of Translation. In: BAKER, M.; MALMKJÆR, K. (Org.). Routledge Encyclopedia of Translation Studies. Londres/Nova Iorque: Routledge, 1998. p. 100-105.

Downloads

Publicado

25.06.2022

Edição

Seção

DOSSIÊ TRADUÇÃO LITERÁRIA: HISTÓRIA, TEORIA E CRÍTICA