O desvanecimento dos Romances Intimistas dos anos 30: entre a inutilidade do eu e a ideologia política

Autores

Palavras-chave:

Romance intimista, Regionalismo de 30, Crítica literária, Historiografia literária, Romance de 30

Resumo

O presente artigo tem como objetivo discutir o Romance Intimista produzido pelos autores que integraram a Geração de 30 do Modernismo brasileiro. Nessa perspectiva, cabe destacar que um conjunto significativo de obras de natureza diversa daquelas que foram alçadas ao cânone como as mais relevantes dessa geração tem sido sistematicamente ignorado pelas instâncias que validam a literatura, ausentando-se dos livros didáticos ou aparecendo raríssimas vezes como objeto de estudo nos cursos de Letras. A polarização política que se estabeleceu na época é, em grande parte, responsável pelo juízo de valor que costumeiramente associa a prosa intimista aos escritores de direita, enquanto os regionalistas, concebendo uma ficção galgada na atmosfera social, vinculavam-se às correntes de pensamento da esquerda. A conexão com determinada orientação política era o suficiente para julgar autores e obras, como fica evidente nas observações de Lafetá (2000), que, ao lançar luz sobre o projeto estético e ideológico do Modernismo, utiliza-se de critérios políticos para menosprezar essa produção. Portanto, o foco é descortinar parte dessa literatura, mostrando sua recepção à época e como ela tem sido intencionalmente secundarizada no decorrer dos anos. A base teórica a que recorremos centra-se em Bueno (2006), Coutinho (2004) e Portella (1971).

 

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Biografia do Autor

Samara Inácio, Universidade Regional do Cariri/Universidade do Estado do Rio Grande do Norte

Mestre em Letras pela Universidade Federal do Ceará (UFC), em 2007, Centro de Humanidade, Fortaleza - CE. Doutoranda no Programa de Pós Graduação em Letras pela Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (UERN), Campus Pau dos Ferros – RN. Professora de Literatura Brasileira da Universidade Regional do Cariri (URCA), Campus Cariri, Missão Velha – CE.

Manoel Freire, Universidade do Estado do Rio Grande do Norte

Universidade do Estado do Rio Grande do Norte, Departamento de Letras, Campus Avançado Profª Mª Elisa de A Maia. Doutorado em Teoria e História Literária pela Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP), Campinas – SP. Professor de Literatura Brasileira do curso de Letras e do Programara de Pós-Graduação em Letras da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (UERN), Campus Pau dos Ferros – RN.

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Publicado

06.12.2022

Edição

Seção

DOSSIÊ: OBSCURECIDOS, PRETERIDOS OU IGNORADOS NA LITERATURA BRASILEIRA MODERNA