O desvanecimento dos Romances Intimistas dos anos 30: entre a inutilidade do eu e a ideologia política

Autores

DOI:

https://doi.org/10.22478/ufpb.1516-1536.2022v24n2.63689

Palavras-chave:

Romance intimista, Regionalismo de 30, Crítica literária, Historiografia literária, Romance de 30

Resumo

O presente artigo tem como objetivo discutir o Romance Intimista produzido pelos autores que integraram a Geração de 30 do Modernismo brasileiro. Nessa perspectiva, cabe destacar que um conjunto significativo de obras de natureza diversa daquelas que foram alçadas ao cânone como as mais relevantes dessa geração tem sido sistematicamente ignorado pelas instâncias que validam a literatura, ausentando-se dos livros didáticos ou aparecendo raríssimas vezes como objeto de estudo nos cursos de Letras. A polarização política que se estabeleceu na época é, em grande parte, responsável pelo juízo de valor que costumeiramente associa a prosa intimista aos escritores de direita, enquanto os regionalistas, concebendo uma ficção galgada na atmosfera social, vinculavam-se às correntes de pensamento da esquerda. A conexão com determinada orientação política era o suficiente para julgar autores e obras, como fica evidente nas observações de Lafetá (2000), que, ao lançar luz sobre o projeto estético e ideológico do Modernismo, utiliza-se de critérios políticos para menosprezar essa produção. Portanto, o foco é descortinar parte dessa literatura, mostrando sua recepção à época e como ela tem sido intencionalmente secundarizada no decorrer dos anos. A base teórica a que recorremos centra-se em Bueno (2006), Coutinho (2004) e Portella (1971).

 

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Samara Inácio, Universidade Regional do Cariri/Universidade do Estado do Rio Grande do Norte

Mestre em Letras pela Universidade Federal do Ceará (UFC), em 2007, Centro de Humanidade, Fortaleza - CE. Doutoranda no Programa de Pós Graduação em Letras pela Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (UERN), Campus Pau dos Ferros – RN. Professora de Literatura Brasileira da Universidade Regional do Cariri (URCA), Campus Cariri, Missão Velha – CE.

Manoel Freire, Universidade do Estado do Rio Grande do Norte

Universidade do Estado do Rio Grande do Norte, Departamento de Letras, Campus Avançado Profª Mª Elisa de A Maia. Doutorado em Teoria e História Literária pela Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP), Campinas – SP. Professor de Literatura Brasileira do curso de Letras e do Programara de Pós-Graduação em Letras da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (UERN), Campus Pau dos Ferros – RN.

Referências

BUENO, Luís. Uma história do romance de 30. São Paulo: EDUSP, 2006.

BUENO, Luís. Divisão e unidade no romance de 30. In: WERKEMA, Andréa Sirihal et al. Literatura brasileira: 1930. Belo Horizonte: UFMG, 2012.

BOSI, Alfredo. Ideologia e contraideologia: temas e variações. São Paulo: Companhia das Letras, 2010.

CANDIDO, Antonio. O Romantismo no Brasil. São Paulo: Humanitas, 2002.

CANDIDO, Antonio. A educação pela noite. São Paulo: Ática, 1989.

COUTINHO, Afrânio. O Modernismo na Ficção. In: COUTINHO, Afrânio. (direção) COUTINHO, Eduardo de Faria. (codireção). A literatura no Brasil – Era Modernista. 7 ed. São Paulo: Global, v. 5. 658 p. 2004.

FARIA, Octávio de. Resposta ao Norte. Literatura, Rio de Janeiro, n.9, Ano I, 05 de novembro de 1933.

FARIA, Octávio de. Excesso de Norte. Boletim de Ariel, Rio de Janeiro, n.10, Ano IV, jul., 1935.

LAFETÁ, João Luiz. 1930: a crítica e o modernismo. São Paulo: Duas Cidade, Ed. 34, 2000.

LUCAS, Fábio. A lição libertária de ’Vulcões’. Remate de males, Campinas, SP, v. 5, p. 35–41, 2012. DOI: https://doi.org/10.20396/remate.v27i1.8636017

MORETTI, Franco. Signos e estilos da Modernidade: ensaios sobre a sociologia das formas literárias. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2007.

PORTELLA, Eduardo. Literatura e realidade. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 1971.

RAMALHETE, Clóvis. Coletivismo e Literatura. Letras brasileiras. Rio de Janeiro, Ano II, nº 13, maio de 1944.

RAMOS, Graciliano. Linhas tortas. Rio de Janeiro: Record, 1984.

RICOUER, Paul. Tempo e narrativa. São Paulo: Martins Fontes, v. 2, 2010.

RUFINONI, Simone Rossinetti. Realismo e introspecção no romance de Cornélio Penna. In: Literatura e sociedade, 15(14), 112-123, 2010. https://doi.org/10.11606/issn.2237-1184.v0i14p112-123 Acesso em 28 de maio de 2022. DOI: https://doi.org/10.11606/issn.2237-1184.v0i14p112-123

SANTOS, Cássia dos. Romance (a) Político e Crítica Literária Nos Anos 30 E 40. Letras, n. 49, Curitiba: Editora da UFPR, p. 115-124, 1998.

SILVA, Paulo Ricardo Moura da. Realismo e intimismo no romance brasileiro: o conceito de técnica introdiccionista a partir da perspectiva do discurso interior / Paulo

Ricardo Moura da Silva. - São José do Rio Preto, 2020.

SILVA, Maurício. Pré-Modernismo e Historiografia literária Brasileira (Para o Estabelecimento de um Cânone Pré-Modernista Brasileiro). Revisão literária latino-americana, v. 27, n. 54, jul./dez., p. 53-67, 1999. Disponível em: https://www.jstor.org/stable/20119812. Acesso em: 01/04/2021.

TÁVORA, Franklin. O cabeleira. São Paulo: Ática, 1998.

WATT, Ian. A ascensão do romance: estudos sobre Defoe, Richardson e Fielding. São Paulo: Companhia das Letras, 2010.

Downloads

Publicado

06.12.2022

Edição

Seção

DOSSIÊ: OBSCURECIDOS, PRETERIDOS OU IGNORADOS NA LITERATURA BRASILEIRA MODERNA