v. 24 n. 2 (2022): OBSCURECIDOS, PRETERIDOS OU IGNORADOS DA LITERATURA BRASILEIRA MODERNA
Sendo o processo de modernização brasileiro invariavelmente polêmico e difuso, visto que a ideia de modernidade é necessariamente ambígua, na ausência de maior precisão histórica, elege-se como marco a Semana da arte moderna, cujo centenário exige revisão, como já foi feito largamente. Sem desconsiderar a relevância que o marco adquiriu para nossa historiografia, é importante destacar outras vozes antes ou depois do evento realizado no Theatro Municipal de São Paulo, para repensar em amplo espectro a consolidação de autores e obras relegados a segundo plano e que, mesmo considerados em determinado momento, acabaram sendo preteridos como portadores de discursos ilegítimos. O dossiê aqui proposto, em consonância com a materialidade histórica das obras, incluiu expressões que, por suas peculiaridades autorais, as correntes de leitura à época de sua publicação, a repercussão das figuras autorais, ou mesmo por motivos indefiníveis, não ressoam hoje como manifestações valorizadas, como se sua repercussão fosse indevida ou simplesmente não devesse ser registrada como registros literários. São os preteridos, esquecidos ou obscurecidos da literatura brasileira, que, embora não apareçam hoje como referências incontornáveis, pedem um reexame, o que implica repensar quais parâmetros devem nortear a leitura das obras modernas e dimensionar em perspectiva as posições que animaram a recepção de nossa própria literatura, como se sua repercussão fosse indevida ou simplesmente não devesse ser registrada como registro literário.