Pardal Mallet, naturalismo e modernidade no Brasil oitocentista
DOI:
https://doi.org/10.22478/ufpb.1516-1536.2022v24n2.63772Palavras-chave:
Pardal Mallet; naturalismo; modernidade; romance brasileiro; século XIX.Resumo
Esse artigo estuda a recepção crítica da prosa naturalista do escritor brasileiro João Carlos Pardal de Medeiros Mallet (1864-1894). Embora esquecido atualmente, Pardal Mallet foi uma celebridade em vida e era considerado uma das promessas do romance naturalista no Brasil. Compreendemos o naturalismo como a arte da civilização industrial do século XIX, uma “estética da experimentação” (BECKER & DUFIEF, 2018), com novos temas e formas de narrar moderna e arrojada, que se tornou a literatura dominante no Brasil e na Europa nas décadas de 1880 e 1890 (SEREZA, 2022). Para compreender o romance de Pardal Mallet, nos apoiamos na obra do crítico canadense David Baguley, Naturalist fiction: the entropic vision (1990), que propõe haver duas vertentes do naturalismo no final do século XIX: a mais canônica vertente trágica, e uma vertente menos conhecida, nomeada cômica ou desiludida, na qual propomos situar o romance de Pardal Mallet. Na sequência, exploramos a chave naturalista desiludida nos seus dois romances: Hóspede (1887) e Lar (1888), assim como investigamos indícios de compreensão de formas alternativas de naturalismo na recepção imediata das obras nas resenhas de jornais. Concluímos que a obra de Pardal Mallet representava um modo alternativo de execução dos métodos naturalistas que foi esquecido pela historiografia literária.
Downloads
Referências
ALGUÉM. Ensaio de crítica. A Semana, vol. III, n. 143, Rio de Janeiro, 24 set. 1888, p. 2. Disponível em http://memoria.bn.br/hdb/periodico.aspx Acesso 15 fev. 2019.
ALONSO, Ângela. Ideias em movimento: a geração 1870 na crise do Brasil-Império. São Paulo: Paz e Terra, 2002.
ARIEL (pseud. Coelho Neto). Do Azul. Cidade do Rio, 21 mar. 1888, p. 2. Disponível em http://memoria.bn.br/hdb/periodico.aspx Acesso 28 nov. 2018.
BAGULEY, David. Naturalist fiction. The entropic vision. Cambridge: Cambridge University Press, 1990. DOI: https://doi.org/10.1017/CBO9780511519420
BECKER, Colette & DUFIEF, Pierre-Jean. Présentation du Dictionnaire des naturalismes. Excavatio. International Review for Multidisciplinary Approaches and Comparative Studies related to Emile Zola and his Time, v. XXX, p. 1-10, 2018.
BEVILÁQUIA, Clóvis. História da Faculdade de Direito do Recife. Recife: EdUFPE, 2012.
BOSI, Alfredo. História concisa da literatura brasileira. São Paulo: Cultrix, 1980.
BROCA, Brito. Naturalistas, parnasianos e decadistas. Vida literária do realismo ao pré- modernismo. Campinas: EdUnicamp, 1991.
COSTA, Raimundo Álvares da. Ensaio de crítica: páginas de literatura. Recife: Tipografia Industrial, 1887.
ELÓI, O HERÓI (pseud. Artur Azevedo). De Palanque. Novidades, Rio de Janeiro, 21 mar. 1888,
p. 1. Disponível em http://memoria.bn.br/hdb/periodico.aspx Acesso 20 abr. 2020.
FRIVOLINO (pseud. Artur Azevedo). Dia a Dia. A época, Rio de Janeiro, 29 mar. 1888, p. 1. Disponível em http://memoria.bn.br/hdb/periodico.aspx Acesso 24 abr. 2020.
GARCIA-CAMELLO, Cleyciara. A filha do conselheiro: cientificismo, licenciosidade e promoção publicitária em O homem, de Aluísio Azevedo. Dissertação (Mestrado em Literatura Brasileira).
Rio de Janeiro: EdUERJ, 2018. https://www.bdtd.uerj.br:8443/handle/1/6241
GRIECO, Agrippino. Evolução da prosa brasileira. Rio de Janeiro: Ariel, 1933.
IVAN. Folhetim. Pardal Mallet, Hóspede. O Paiz, Maranhão, 1 jun. 1887, p. 1-2. Disponível em http://memoria.bn.br/hdb/periodico.aspx Acesso 15 set. 2020.
M. A. Música Inglesa. Pardal Mallet. Novidades, Rio de Janeiro, 31 ago. 1888, p. 2. Disponível em http://memoria.bn.br/hdb/periodico.aspx Acesso 19 out. 2020.
MALLET, João Carlos Pardal de Medeiros. Hóspede; Lar. Rio de Janeiro: Academia Brasileira de Letras, 2008.
MENDES, Leonardo. O aborto, de Figueiredo Pimentel: naturalismo, pedagogia e pornografia no final do século XIX. In: MENDES, Leonardo; CATHARINA, Pedro Paulo (org.). Figueiredo Pimentel, um polígrafo na Belle Époque. São Paulo: Alameda, 2019a, p. 261-349.
. Júlio Ribeiro, o naturalismo e a dessacralização da literatura. Pensares em revista, n. 4, p. 26-42, 2014. Disponível em https://www.e- publicacoes.uerj.br/index.php/pensaresemrevista/article/view/10980/11471
. O naturalismo na livraria do século XIX. Revista Letras, n. 100, p. 71-90, 2019b. Disponível em https://revistas.ufpr.br/letras/article/view/68846/41231 DOI: https://doi.org/10.5380/rel.v100i0.68846
. Zola as pornographic point of reference in late nineteenth-century Brazil. Excavatio. International Review for Multidisciplinary Approaches and Comparative Studies related to Emile Zola and his Time, vol. XXX, 2018, s.p. Disponível em https://www.academia.edu/36829340/Zola_as_Pornographic_Point_of_Reference_in_Late_Ninetee nth-Century_Brazil
; CATHARINA, Pedro Paulo. Le naturalisme brésilien au pluriel. Brésil(s). Sciencies Humaines et Sociales, n. 15, p. 1-22, 2019. Disponível em https://journals.openedition.org/bresils/4595 DOI: https://doi.org/10.4000/bresils.4595
; NUNES, Gabriela Krugel dos Santos. Pardal Mallet, um frondeur na Belle Époque. In: NEGREIROS, Carmem [et al.] (Orgs.). Travessias: tensões da Belle É poque nas raízes do contemporâ neo. Chapecó: Argos, 2022, p. 507-526.
; VIEIRA, Renata Ferreira. Epopeia da impotência humana: naturalismo, desilusão e banalidade no romance brasileiro do final do século XIX. E-scrita, v. 3, n. 3, 2012, p. 139-152. https://revista.uniabeu.edu.br/index.php/RE/article/view/594/pdf_289
MENDONÇA, Lúcio de. O Sr. Pardal Mallet. O Escândalo. Crítica de Letras, Artes, Política e Costumes, n. 8, Rio de Janeiro, 28 maio 1888.
NEREU. Folhetim. Lar, romance de Pardal Mallet. A época, Rio de Janeiro, 29 mar. 1888, p. 1. Disponível em http://memoria.bn.br/hdb/periodico.aspx Acesso 12 mar. 2021.
. O velho e o novo. A época, Rio de Janeiro, 28 mar. 1888, p. 2. Disponível em http://memoria.bn.br/hdb/periodico.aspx Acesso 20 mar. 2021.
NUNES, Gabriela Krugel dos Santos. Vida amorfa: Pardal Mallet e o naturalismo da desilusão. Dissertação de Mestrado (em Estudos Literários), Universidade do Estado do Rio de Janeiro, 2021.
PACHECO, João. A literatura brasileira: o realismo. São Paulo: Cultrix, 1967.
PEREIRA, Lucia Miguel. Prosa de ficção (de 1870 a 1920). História da literatura brasileira.
Belo Horizonte: Itatiaia, 1988.
PUCK (pseud. Coelho Neto). Semana Artística. Gazeta da tarde, Rio de Janeiro, 11 jul. 1887, p. 2. Disponível em http://memoria.bn.br/hdb/periodico.aspx Acesso 23 mar. 2020.
R.O. Folhetim. Cornucópia. Diário de notícias, Rio de Janeiro, 22 set. 1887, p. 1. Disponível em http://memoria.bn.br/hdb/periodico.aspx Acesso 20 jun. 2020.
SÁ, Leônidas. Variedade. A época: órgão do Partido Conservador, Recife, 22 ago. 1890, p. 2. Disponível em http://memoria.bn.br/hdb/periodico.aspx Acesso 10 out. 2020.
SCHMIDT, Juliano. Vida Literária. Correio da tarde, Rio de Janeiro, 22 abr. 1895, p. 1. Disponível em http://memoria.bn.br/hdb/periodico.aspx Acesso 15 set. 2020.
SEREZA, Haroldo Ceravolo. O naturalismo e o naturalismo no Brasil. Questões de forma, classe, raça e gênero no romance brasileiro do século 19. São Paulo: Alameda, 2022.
SODRÉ, Nelson Werneck. O naturalismo no Brasil. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1965.
VAL-FLORIDO, Motta. Folhetim. Diário de notícias, Rio de Janeiro, 11 abr. 1888, p. 1. Disponível em http://memoria.bn.br/hdb/periodico.aspx Acesso 23 set. 2020.
VERISSIMO, José. História da literatura brasileira. Rio de Janeiro: José Olympio, 1954.
Downloads
Publicado
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2022 Leonardo Mendes
Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.