A criatura, a criadora e a crítica: Frankenstein, de Mary Shelley, sob a ótica de Um teto todo seu, de Virginia Woolf

Autores

  • Silvia Maria Fernandes Alves da Silva Costa UFPB
  • Maria Aparecida Saraiva Magalhães de Sousa UFPB
  • Luciana Eleonora de Freitas Calado Deplagne UFPB

Palavras-chave:

Mary Shelley, Frankenstein, Virginia Woolf, Autoria feminina, Um teto todo seu

Resumo

Este artigo visa apresentar a autora inglesa Mary Shelley (1797-1851) como iniciadora da ficção científica com a obra Frankenstein ou o Prometeu Moderno (1818), e esta como uma obra matricial de autoria feminina, para questionar a sua possível ausência no Museu Britânico e/ou os valores canônicos defendidos por Virginia Woolf (1882-1941), a partir de seus apontamentos sobre a mulher na ficção, no ensaio Um teto todo seu (1929). Para isso, observaram-se os pontos críticos assinalados por Woolf, contrapostos com a vida de Mary Shelley e a obra Frankenstein, para se buscar entender a não referência a Shelley diante dos diversos nomes de autores citados no ensaio. Woolf admite que a estrutura patriarcal barrou a mulher, no decorrer dos séculos, em uma vida sem condições materiais para pensar e contemplar no momento da criação. Contudo, Shelley, mesmo vivendo em uma sociedade vitoriana patriarcal do século XIX, na qual a mulher deveria ser submissa ao homem, teve condições adequadas à produção ficcional ativa, escrevendo obras como Frankenstein, que permanece presente 200 anos após sua publicação, desafiando a todos com um magnetismo que perpassa o campo das artes. Uma obra que deveria estar incandescente nas estantes do Museu Britânico.

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Biografia do Autor

Silvia Maria Fernandes Alves da Silva Costa, UFPB

Doutoranda em Letras pela Universidade Federal da Paraíba. Professora de línguas estrangeiras (inglês e espanhol) do Instituto de Educação Antonino Freire, na Gerência de Formação de Professores da Educação Básica do Piauí

Maria Aparecida Saraiva Magalhães de Sousa, UFPB

Doutoranda em Letras pela Universidade Federal da Paraíba. Professora de português da Rede Estadual de Ensino da Paraíba.

Luciana Eleonora de Freitas Calado Deplagne, UFPB

Doutora em Letras pela Universidade Federal de Pernambuco. Professora Adjunto III do Departamento de Letras Clássicas e Vernáculas da UFPB

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Publicado

25.01.2019

Edição

Seção

Artigos do Dossiê