Corpos negros e indígenas na escola e suas demandas por práticas pedagógicas amefricanas e quilombistas
DOI:
https://doi.org/10.22478/ufpb.2359-7003.2025v34n1.71292Palavras-chave:
amefricanidade. Quilombismo. NEABIResumo
Corpos invisibilizados por padrões hegemônicos se posicionam criticamente como plurais, símbolos de resistência cultural, discutem novas epistemologias, as inconsistências do conhecimento eurocentrado, valorizam seus conhecimentos, e subjetividades. Demandam a plasticidade dos currículos, a democratização das práticas pedagógicas e uma educação acolhedora da diversidade étnico-racial, na qual o protagonismo histórico de negros e indígenas na formação do povo brasileiro seja reconhecido. Este artigo traz uma discussão acerca do racismo estrutural no Brasil e suas intercorrências na educação, com foco na atuação dos Núcleos de Estudos Afro-brasileiro e indígenas (NEABI) no Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte (IFRN). Refletimos a partir das Leis 10.639/2003 e 11.645/2008, com base em autores como Gonzalez (2020) e Nascimento (2019) sobre a educação antirracista, visibilizando a existência de corpos negros e indígenas por lugares prestigiados, factualmente refratários às suas presenças. O coletivo do NEABI age no IFRN como um aquilombamento provocador de mudanças conscientizando seus membros, estudantes, servidores e comunidades a se posicionarem ativamente quanto às questões da diversidade, refletindo sobre os modos como enxergam, verbalizam e modificam a realidade.
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