Rever a colonização, reler a biopolítica, almejar o poder

os bandeirantes paulistas nas minas do Serro do Frio e Vila do Príncipe, Minas Gerais, 1702-1720

Autores

DOI:

https://doi.org/10.22478/ufpb.2317-6725.2020v25n43.53904

Palavras-chave:

Brasil Colônia, Ancestralidade política, Biopolítica, Gesto pedagógico colonial, Herança cultural

Resumo

A visão das elites nacionais sobre os bandeirantes paulistas do século XVIII nas minas gerais é centrada na noção de vocação e missão para a construção de uma nação livre, politicamente moderna e progressista. Propomos uma releitura da função política dos bandeirantes na modernidade colonial capitaneada pela Coroa portuguesa e seu Governo-geral no Brasil em torno da discussão sobre biopolítica, poder disciplinar, poder e violência, autoridade e violação dos corpos. De maneira geral, a noção de gesto pedagógico colonial nos convida a rever as biografias sob outro viés histórico, o de submissão; de maneira específica, mostramos como os bandeirantes paulistas, porta-vozes ferozes da biopolítica metropolitana não apenas promoviam a colonização centrada na violência, mas criavam um modus operandi estruturador do jogo político autoritário, legado este ainda reverberado nos dias atuais. A partir de metodologia de pesquisa bibliográfica e documental, histórica e política (Foucault e Arendt), revelamos o intrincado jogo de intenções políticas entre bandeirantes e a Coroa portuguesa, marcado pela atuação social desses personagens, com múltiplos conflitos e interesses, em que a morte e o assassinato faziam parte do processo de forma corrente. O resultado do estudo mostra que a história colonial brasileira guarda profundamente em sua tradição política a confusão entre poder e violência, autoridade e violação, herdada culturalmente por capilarizados mecanismos da reprodução da biopolítica.

 

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Biografia do Autor

Danilo Arnaldo Briskievicz, Instituto Federal de Minas Gerais - IFMG

Danilo Arnaldo Briskievicz é Doutor em Educação pela Pontíficia Universidade Católica de Minas Gerais. Licenciado em Filosofia e Pedagogia, Especialista em Temas Filosóficos pela Universidade Federal de Minas Gerais, mestre em Filosofia Política, também pela UFMG.

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Publicado

2020-11-18

Como Citar

BRISKIEVICZ, D. A. Rever a colonização, reler a biopolítica, almejar o poder: os bandeirantes paulistas nas minas do Serro do Frio e Vila do Príncipe, Minas Gerais, 1702-1720. Saeculum, [S. l.], v. 25, n. 43 (jul./dez.), p. 128–145, 2020. DOI: 10.22478/ufpb.2317-6725.2020v25n43.53904. Disponível em: https://periodicos.ufpb.br/index.php/srh/article/view/53904. Acesso em: 26 abr. 2024.

Edição

Seção

Dossiê: A nova história (bio)política: sobre as capturas e as resistências