O sistema de colonização de Edward Wakefield e o processo de elaboração da Lei de Terras no Brasil

Autores

DOI:

https://doi.org/10.22478/ufpb.2317-6725.2022v27n46.59785

Palavras-chave:

História do Brasil, Brasil Império, Lei de Terras, Edward Wakefield, Legislação fundiária

Resumo

No presente artigo, propõe-se discutir alguns aspectos da situação agrária do Brasil na primeira metade do século XIX, destacando a relação entre as ideias de Edward Gibbon Wakefield – pensador inglês oitocentista – e os principais institutos da lei de terras, promulgada em 1850. Para tal fim, analisa-se de que maneira os problemas da terra e da imigração de trabalhadores estiveram presentes na teoria de colonização sistemática de Wakefield e nos projetos dos parlamentares, observando as influências daquele modelo no processo de elaboração da lei de 1850. Assim, a análise do seu modelo revela-se importante seja para compreender os fundamentos dos dispositivos legais do texto promulgado, seja para situar o debate sobre as terras em meados daquele século. Tal discussão enseja importantes constatações no que se refere à mudança de paradigmas no Brasil, relacionados à nova ordem do país recém-independente, i.e., da própria redefinição progressiva do conceito de propriedade e do fortalecimento do modelo de propriedade absoluta.

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Biografia do Autor

Marco Volpini Micheli, Universidade de São Paulo

Atualmente cursa Doutorado em História Econômica na Universidade de São Paulo (PPGHE-USP). É Mestre em História Econômica, com bolsa do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), licenciado e bacharel em História (USP; Universidade de Turim, Itália). Pesquisa e tem publicações nas áreas de História Moderna e do Império Português, História do Brasil (Colônia e Império) e História de São Paulo, com enfoque nos séculos XVIII e XIX.

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Publicado

2022-07-08

Como Citar

MICHELI, M. V. O sistema de colonização de Edward Wakefield e o processo de elaboração da Lei de Terras no Brasil. Sæculum - Revista de História, [S. l.], v. 27, n. 46 (jan./jun.), p. 84–100, 2022. DOI: 10.22478/ufpb.2317-6725.2022v27n46.59785. Disponível em: https://periodicos.ufpb.br/index.php/srh/article/view/59785. Acesso em: 7 dez. 2024.