História e literatura, silenciar ou anunciar? Os dilemas da escravidão africana na escrita de Joaquim Manuel de Macedo no Brasil oitocentista

Autores/as

DOI:

https://doi.org/10.22478/ufpb.2317-6725.2022v27n46.59874

Palabras clave:

História do Brasil, Ensino de História, Literatura, Escravidão, Joaquim Manuel de Macedo (1820-1882)

Resumen

O médico Joaquim Manuel de Macedo (1820-1882) foi romancista, historiador, professor e autor de manuais escolares de História do Brasil, consagrando-se como um dos escritores mais lidos no decorrer do Segundo Reinado, sobretudo as suas Lições de História do Brasil, publicadas a partir de 1861. Membro atuante do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro e do Colégio Pedro II, em sua vasta produção histórico-literária, buscava uma escrita que fosse ao encontro do projeto de construção nacional por parte da Monarquia. Para tal empreendimento, um assunto se tornava particularmente delicado, qual seja, os negros e a escravidão. Diante da riqueza e possibilidades acerca desta personagem, este ensaio objetiva analisar as manifestações (ou as suas ausências) sobre o negro e a escravidão no Brasil oitocentista por parte de Macedo. Além disso, busca-se verificar quais os meios, estratégias e áreas do conhecimento privilegiadas pelo autor para expor suas opiniões sobre este tema tão delicado para a elite letrada imperial da Corte fluminense.

Descargas

Los datos de descargas todavía no están disponibles.

Biografía del autor/a

Renilson Ribeiro, Universidade Federal de Mato Grosso

Doutor em História Cultural pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), com estágio pós-doutoral em Educação na Universidade de São Paulo (USP). Professor associado do Departamento de História, Programa de Pós-graduação em Estudos da Linguagem e ProfHistória – Mestrado Profissional em Ensino de História da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT).

Luis César Castrillon Mendes, Universidade Federal da Grande Dourados

Doutor em História, com estágio pós-doutoral em Estudos de Linguagem, pela Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT). Professor adjunto do Curso de História e do Programa de Pós-graduação em História da Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD).

Citas

AMARAL, Skaryse Piroupo. Uma nação por fazer – escravos, mulheres e educação nos romances de Joaquim Manuel de Macedo. Dissertação (Mestrado em História). Campinas: Universidade Estadual de Campinas, 2001.

ANDRADE, Vera Lúcia Cabana. Historiadores do IHGB catedráticos do Colégio Pedro II no Império. Revista do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro. Rio de Janeiro, vol. 168, n. 434, p. 219-232, 2007.

ANDREWS, Georges Reid. Negros e Brancos em São Paulo (1888-1988). Bauru: Edusc, 1998.

AZEVEDO, Celia Maria M. Onda negra, medo branco: o negro no imaginário das elites – século XIX. Rio de Janeiro: Paz & Terra, 1987.

AZEVEDO, Celia Maria M. Abolicionismo: Estados Unidos e Brasil, uma história comparada (século XIX). São Paulo: Annablume, 2003.

AZEVEDO, Celia Maria M. Imagens da África e da Revolução do Haiti no Abolicionismo dos Estados Unidos. Anais da Biblioteca Nacional. Rio de Janeiro, n. 116, p. 51-66, 1996.

BANN, Stephen. As invenções da história: ensaios sobre a representação do passado. São Paulo: Ed. Unesp, 1994.

BHABHA, Homi K. O terceiro espaço. Entrevista concedida a Jonathan Rutherford. Revista do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional. Rio de Janeiro, n. 24, p. 35-41, 1996.

CARBONIERI, Divanize. Pós-Colonialidade e Decolonialidade: rumos e trânsitos. Revista Labirinto. Porto Velho, ano XVI, n. 24, p. 280-300, 2016.

CERTEAU, Michel de. A Escrita da História. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2002.

CHALHOUB, Sidney. Visões da liberdade: uma história das últimas décadas da escravidão na corte. São Paulo: Companhia das Letras, 1990.

FREYRE, Gilberto. Casa grande & senzala. Rio de Janeiro: Record, 2002.

FREYRE, Gilberto. O novo mundo nos trópicos. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 1971.

GASPARELLO, Arlette Medeiros. Construtores de identidades: a pedagogia da nação nos livros didáticos da escola secundária brasileira. São Paulo: Iglu, 2004.

GILROY, Paul. Entre campos: nações, culturas e o fascínio da raça. São Paulo: Annablume, 2007.

HALL, Stuart. Quando foi o pós-colonial? Pensando no limite. In: HALL, Stuart. Da diáspora: identidades e mediações culturais. Belo Horizonte: Ed. UFMG, 2013, p. 101-129.

KODAMA, Kaori. Os índios no império do Brasil: A etnografia do IHGB entre as décadas de 1840 e 1860. Rio de Janeiro: Fiocruz; São Paulo: Edusp, 2009.

MACEDO, Joaquim Manuel de. O Imperial Colégio de Pedro II. In: MACEDO, Joaquim Manuel de. Um passeio pela cidade do Rio de Janeiro. Brasília: Edições do Senado Federal, 2005.

MACEDO, Joaquim Manuel de. As vítimas-algozes – quadros da escravidão. São Paulo: Scipione, 1991.

MACEDO, Joaquim Manuel de. Lições de história do Brasil para uso dos alumnos do Imperial Collegio de D. Pedro II. Rio de Janeiro: B. L. Garnier, t. 1, 1861.

MACEDO, Joaquim Manuel de. Lições de história do Brasil para uso dos alumnos do Imperial Collegio de D. Pedro II. Rio de Janeiro: D. J. G. Brandão, t. 2, 1863.

MACEDO, Joaquim Manuel de. Lições de história do Brasil para uso nas escolas de instrução primária. Rio de Janeiro: Garnier, 1875. [1865].

MACHADO, Maria Helena P. T. Crime e escravidão – Trabalho, luta e resistência escrava nas lavouras paulistas – 1830-1888. São Paulo: Brasiliense, 1987.

MACHADO, Maria Helena P. T. O plano e o pânico – Os movimentos sociais na década da abolição. Rio de Janeiro: Ed. da UFRJ/Edusp, 1994.

MALERBA, Jurandir. Teoria e história da historiografia. In: A história escrita. Teoria e história da historiografia. São Paulo: Contexto, 2006, p. 11-26.

MARTIUS, Karl F. P. Como se deve escrever a História do Brasil. In: O estado dos autóctones no Brasil. Belo Horizonte: Itatiaia; São Paulo: Edusp, 1982 [Monografia publicada originalmente na Revista do IHGB – Rio de Janeiro, t. 6, 1844].

MATTOS, Selma Rinaldi. O Brasil em lições: a história como disciplina escolar em Joaquim Manuel de Macedo. Rio de Janeiro: Access, 2000.

MELO, Ciro Flávio C. B. Senhores da História: a construção do Brasil em dois manuais didáticos de História na segunda metade do século XIX. Tese (Doutorado em Educação). São Paulo: Universidade de São Paulo, 1997.

MENDONÇA, Joseli Maria N. M. Entre a mão e os anéis. A Lei dos Sexagenários e os caminhos da abolição no Brasil. Campinas: Ed. Unicamp/Cecult, 1999.

MOREIRA, Ana Lúcia et al. Reflexões sobre a presença do negro na História brasileira: uma proposta alternativa para a prática pedagógica. In: Anais do II Seminário Perspectivas do Ensino de História. São Paulo, Feusp/Anpuh, 1996.

PINSKY, Jaime. Nação e ensino de História no Brasil. In: PINSKY, Jaime (org.). O ensino de história e criação do fato. São Paulo: Contexto, 1994, p. 11-22.

REIS, José Carlos. As identidades do Brasil: de Varnhagen a FHC. Rio de Janeiro: Ed. FGV, 1999.

RIBEIRO, Renilson Rosa. O Brasil inventado pelo Visconde de Porto Seguro. Francisco Adolfo de Varnhagen, o Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro e a construção da ideia de Brasil-Colônia no Brasil-Império (1838-1860). Cuiabá: Entrelinhas, 2015.

SAID, Edward W. Cultura e Imperialismo. São Paulo: Companhia das Letras, 2011.

SANTOS, Boaventura Souza. Descolonizar El saber reinventar El poder. Montevidéu: EdicionesTrilce, 2010.

SILVA, Tomaz Tadeu. Identidade e diferença: a perspectiva dos estudos culturais. Petrópolis: Vozes, 2009.

SÜSSEKIND, Flora. As vítimas-algozes e o imaginário do medo. In: MACEDO, Joaquim Manuel de. As vítimas-algozes – quadros da escravidão. São Paulo: Scipione, 1991, p. xxi-xxxviii.

WHITE, Hayden. Trópicos do Discurso: ensaios sobre a crítica da cultura. São Paulo: Edusp, 1994.

VARNHAGEN, Francisco Adolfo, Visconde de Porto Seguro. Varnhagen: História, seleção de excertos da História geral do Brasil e História da Independência do Brasil, organizada por Nilo Odália. São Paulo: Ática, 1979.

Publicado

2022-07-08

Cómo citar

RIBEIRO, R.; MENDES, L. C. C. . História e literatura, silenciar ou anunciar? Os dilemas da escravidão africana na escrita de Joaquim Manuel de Macedo no Brasil oitocentista. Saeculum, [S. l.], v. 27, n. 46 (jan./jun.), p. 66–83, 2022. DOI: 10.22478/ufpb.2317-6725.2022v27n46.59874. Disponível em: https://periodicos.ufpb.br/index.php/srh/article/view/59874. Acesso em: 3 jul. 2024.