ANÁLISE DO DISCURSO EM FOUCAULT E O PAPEL DOS ENUNCIADOS: PESQUISAR SUBJETIVIDADES NAS ESCOLAS
Resumo
Este texto apresenta os caminhos de uma pesquisa que utilizou a Análise do Discurso (AD) a partir do pensamento de Michel Foucault, principalmente, da noção de que o sujeito não possui uma essência, mas que sua subjetividade é constituída no e pelo discurso. A investigação buscou observar como garotos são interpelados e subjetivados pelos enunciados que circulam em uma escola pública de ensino fundamental, relacionados ao filé, um artesanato produzido tradicionalmente, apenas por mulheres. Foram utilizadas algumas atitudes metodológicas sugeridas por Fischer a partir das contribuições de Foucault: a linguagem e o discurso são lugares de lutas permanentes; os enunciados são raros e nem sempre são óbvios e exclusivos; é preciso atentar às práticas discursivas e não discursivas; e a de que é preciso manter uma atitude de dúvida diante dos aspectos investigados. Apresentamos uma discussão sobre estas atitudes e buscamos destacar a função produtiva do discurso e dos efeitos de verdade na produção de subjetividades. O texto visa contribuir para os debates na área da análise do discurso destacando dois elementos dessa metodologia inspirada em Foucault: a necessária relação entre o aspecto teórico e o metodológico e o entendimento de que o discurso produz determinados sujeitos. Nesse sentido, a análise do discurso mais do desvelar a verdade dos discursos, busca repensar seus efeitos na constituição dos sujeitos.
Downloads
Referências
ALVES, Julia Mayra Duarte. “Oxe, eu sou macho, professor!”: a escola e os processos de subjetivação dos meninos em um bairro de Maceió/AL. 118 f. Dissertação de Mestrado em Educação, PPGE – Universidade Federal de Alagoas, Maceió, 2013.
CHIZZOTTI, Antonio. Pesquisa em ciências humanas e sociais. São Paulo: Cortez. 1995.
DANTAS, Carmem L. Rendeiras de Riacho Doce - pesquisa e texto. Rio de Janeiro: Funarte, CNFCP, 2002.
FISCHER, Rosa M. B. Foucault e a análise do discurso em educação. Cadernos de Pesquisa. Rio de Janeiro, n. 114, p. 197-223, 2001.
______. A paixão de trabalhar com Foucault. In: COSTA, Marisa V. (Org.). Caminhos investigativos: novos olhares na pesquisa em educação. 2. ed. Rio de Janeiro: DP&A, 2002, p. 39-60.
______. Foucault revoluciona a pesquisa em educação? Perspectiva. Florianópolis, v. 21, n. 2, 2003, p. 371-389.
______. Verdades em suspenso: Foucault e os perigos a enfrentar. In: COSTA, Marisa V. (Org.) Caminhos investigativos II: outros modos de pensar e fazer pesquisa em educação. Rio de Janeiro: Lamparina editora, 2007, p. 48-70.
FOUCAULT, Michel. História da loucura. São Paulo: Perspectiva, 1972.
______. História da sexualidade 2: o uso dos prazeres. Rio de Janeiro: Graal, 1984.
______. A ordem do discurso: aula inaugural no Collège de France, pronunciada em 2 de dezembro de 1970. Campinas: Loyola, 1996.
______. Foucault. In: MOTTA, Manoel. B. (Org). Ditos e escritos V. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2006.
______. Subjetividade e verdade. In: _____. Resumo dos cursos do Collège de France (1970-1982). Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 1997. p. 107-115.
______. A arqueologia do saber. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2012.
GREGOLIN, Maria do R. Foucault e Pêcheux na análise do discurso: diálogos e duelos. São Carlos: Claraluz, 2007.
LAKATOS, Eva M; MARCONI, Marina de A. Fundamentos de Metodologia Científica. São Paulo: Atlas, 1994.
LÜDKE, Menga; ANDRÉ, Marli. Pesquisa em educação: abordagens qualitativas. São Paulo: EPU, 1986.
MESQUITA, Marcos R.; ALVES, Julia M. D.; MARTINS, Mário H. da M. Gênero, arte e cultura: discutindo o caso dos rendeiros do Pontal da Barra. In: LEITÃO, Heliane de A. L. (Org.) Coisas do gênero: diversidade e desigualdade. Maceió: EDUFAL, 2011, p. 147-165.
PINHEIRO, Odette. G. Entrevista: uma prática discursiva. In: SPINK, M. J. (org.) Práticas discursivas e produção de sentido no cotidiano: aproximações teóricas e metodológicas. São Paulo: Cortez, 2000, p.183-214.
PIZZI, Laura C. V. Pesquisando as diferenças no currículo: contribuições da análise do discurso. In: CAVALCANTE, Maria A. S. e FUMES, Neiza L. F. (Orgs.) Educação e Linguagem: saberes, discursos e práticas. Maceió: EDUFAL, 2006, p. 21-33.
PIZZI, Laura C. V. et al. Análise sobre Currículo como Discurso, Texto e Narrativa. In: MACEDO, Elisabeth; MACEDO, Roberto S.; AMORIM, Antonio C (Orgs.) Discurso, texto, narrativa nas pesquisas em currículo. Campinas: FE/UNICAMP, 2009, p. 16-29.
ROCHA, Décio; DAHER Maria D. C.; SANT'ANNA, Vera L. A. A entrevista em situação de pesquisa acadêmica: reflexões numa perspectiva discursiva. Revista Polifonia, n. 8. Cuiabá: EdUFMT, 2004, p. 161-180.
SANT´ANA, Moacir M. de. O Pontal da Barra através de um parecer. Revista do Instituto Histórico e Geográfico de Alagoas. Maceió, v. 41, 1989.
SILVA, Tomaz T. As pedagogias psi e o governo do eu nos regimes neoliberais. In: _____ (Org.). Liberdades reguladas: a pedagogia constutivista e outras formas de governo do eu. Petropolis: Vozes, 1998, p. 7-13.
VEIGA-NETO, Alfredo. Foucault & a Educação. Belo Horizonte: Autêntica, 2003.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Autores que publicam nesta revista concordam com os seguintes termos:
. Autores mantém os direitos autorais e concedem à revista o direito de primeira publicação, com o trabalho simultaneamente licenciado sob a Licença Creative Commons Attribution que permite o compartilhamento do trabalho com reconhecimento da autoria e publicação inicial nesta revista.
. Autores têm autorização para assumir contratos adicionais separadamente, para distribuição não-exclusiva da versão do trabalho publicada nesta revista (ex.: publicar em repositório institucional ou como capítulo de livro), com reconhecimento de autoria e publicação inicial nesta revista.
. Autores têm permissão e são estimulados a publicar e distribuir seu trabalho online (ex.: em repositórios institucionais ou na sua página pessoal) a qualquer ponto antes ou durante o processo editorial, já que isso pode gerar alterações produtivas, bem como aumentar o impacto e a citação do trabalho publicado (Veja O Efeito do Acesso Livre).