De Eva às damas de Christine de Pizan: desconstruindo a imagem da mulher na Idade Média
DOI :
https://doi.org/10.22478/ufpb.1516-1536.2020v22n3.52676Mots-clés :
Literatura Medieval, Mulher, Imagem, Desconstrução, Christine de PizanRésumé
A tendência unidirecional da historiografia tradicional no tratamento de seus objetos de estudo acarreta certa inviabilização na investigação das relações de gênero nos estudos medievais, principalmente na sua articulação com o literário. A orientação sistêmica desse modelo historiográfico, fundamentada em prerrogativas da chamada colonialidade de gênero com a sua inarredável cosmovisão androcêntrica, mostra-se desde sempre constituída de formações mentais e retóricas construídas e perpetuadas pela força da sua origem e tradição. Com a intenção de investigar/desconstruir alguns aspectos da construção da realidade feminina no âmbito de configurações ideológicas e politicamente apresentadas na Idade Média que Jacques Le Goff chama “longa” (2008), este artigo examina a questão do tornar-se mulher em autores e obras da Idade Média. Para tanto, procede a um significativo resgate antológico de textos medievais de fundamental importância para o tratamento desse complexo e polêmico tema da história e cultura medievais. No decorrer desse exame crítico-desconstrutor, cobrindo o intervalo compreendido de Eva às damas de Le Livre de la Cité des Dames de Christine de Pizan, deverão surgir realçados traços e fundamentos da misoginia medieval na sua relação com a invenção do amor romântico discutida por Howard Bloch (1995), um dos mais interessantes fenômenos da história do pensamento e da cultura Ocidental.
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