O Currículo de História e as Questões de Gênero
A BNCC como Instrumento de Poder
DOI:
https://doi.org/10.22478/ufpb.2317-6725.2024v29n50.69260Palavras-chave:
Currículo, Gênero, Base Nacional Comum Curricular (BNCC), Ensino de História, Livro didáticoResumo
No presente artigo, pretendemos explorar como as escolhas curriculares que moldam a Base Nacional Comum Curricular (BNCC) propõem, ou não, discussões de gênero no ensino de História. Para tanto, inicialmente, realizamos uma revisão bibliográfica para contextualizar a emergência da História das Mulheres e da categoria de gênero como um movimento de renovação historiográfica que questiona as narrativas tradicionais, dialogando com autoras como Joan Scott e Judith Butler. Por conseguinte, abordamos a Base Nacional Comum Curricular (BNCC) enquanto uma construção política, marcada por intencionalidades, influenciada pelo cenário neoliberal e pelo eurocentrismo. Foi realizada uma análise documental da BNCC de História voltada para o Ensino Fundamental, através da qual foi possível perceber lacunas na abordagem de gênero e diversidade sexual, destacando a limitação na representação da participação feminina na História. A influência dessa abordagem se estende aos livros didáticos, onde a participação feminina muitas vezes é tratada como um apêndice. Para desenvolver essa discussão, foi realizada uma análise de conteúdo de um livro didático, denominado de “Estudar História” (BRAICK; BARRETO, 2018), da Editora Moderna. A análise permitiu compreender como esses materiais frequentemente reproduzem estereótipos e perpetuam visões tradicionalmente masculinas da História. Propõem-se, assim, caminhos para um ensino de História mais equitativo, sublinhando a importância de uma revisão crítica da BNCC e a produção de materiais didáticos mais inclusivos que desafiem narrativas históricas limitadas e destaquem o protagonismo histórico não apenas das mulheres, como também de outros grupos marginalizados.
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