Entre inovação e tradição

a Proposta Curricular do Estado da Paraíba (2018)

Autores/as

  • Thábata Araújo de Alvarenga Universidade Federal da Paraíba

DOI:

https://doi.org/10.22478/ufpb.2317-6725.2024v29n50.69133

Palabras clave:

Aprendizagem Histórica, Pensamento Histórico, Consciência Histórica, Saberes Históricos, Proposta Curricular do Estado da Paraíba

Resumen

Este artigo tem por objetivo analisar as ideias sobre aprendizagem histórica, pensamento histórico e consciência histórica presentes na Proposta Curricular do Estado da Paraíba (2018), apontando os fundamentos e as finalidades dos processos de aprendizagem em História. Interessa-nos saber em que medida a proposta se distancia ou se aproxima da tradição pedagógica e historiográfica. Para tanto, nos apoiaremos no conceito de cognição histórica, cujos princípios e finalidades ancoram-se na epistemologia da História e constituem campo de pesquisa no âmbito da Didática da História e da Educação Histórica. Do ponto de vista teórico observamos que a proposta dialoga tanto com as discussões mais recentes em torno do conhecimento histórico, compreendido aqui como saber acadêmico, quanto com as discussões realizadas no âmbito do Ensino da História, da Didática da História e da Educação Histórica. Se do ponto de vista dos saberes, o currículo ainda é bastante tradicional, elegendo os conteúdos convencionais e canônicos e tomando a cronologia linear como eixo central da narrativa histórica, a análise das ações vinculadas aos objetivos de aprendizagem presentes no documento demonstra um esforço no sentido de fazer com que a compreensão acerca dos eventos históricos se situe no âmbito da sua ciência de origem. No entanto, embora o documento declare que seu objetivo, no campo dos estudos históricos, seja o de desenvolver o pensamento histórico do aluno, a análise dos métodos de ensino propostos, em consonância com os objetivos da aprendizagem e com os saberes instituídos, nos leva a concluir que a Proposta Curricular do Estado da Paraíba prefere manter-se na neutralidade a ter que optar por uma ou outra concepção de ensino-aprendizagem, permanecendo a meio termo entre a tradição e a inovação.

Descargas

Los datos de descargas todavía no están disponibles.

Biografía del autor/a

Thábata Araújo de Alvarenga, Universidade Federal da Paraíba

Thábata Araújo de Alvarenga é doutora em História pelo Programa de Pós-Graduação em História da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (PPGH-UFRN) e pós-doutoranda no Programa de Pós-Graduação em Ensino de História da Universidade Federal da Paraíba (ProfHistória/UFPB).

Citas

ANDERSON, Benedict. Nação e consciência nacional. São Paulo: Ática, 1989.

CAIMI, Flávia Eloísa. A História na Base Nacional Comum Curricular: pluralismo de ideias ou guerra de narrativas. Revista do Lhiste, Porto Alegre, n. 4, v. 3, p. 86-91, jan./jun., 2016.

CARDOSO, Oldimar. Para uma definição de Didática da História, Revista Brasileira de História, vol. 28, n. 55, p.153- 170, 2008.

CASTRO, Lúcia Rabello de. Uma teoria da infância na contemporaneidade. In: Bujes, Maria Isabel Edelweiss (Org.). Infância e adolescência na cultura do consumo. Rio de Janeiro, NAU, 1998.

CERRI, Luís Fernando. Didática da História: uma leitura teórica sobre a História como prática. Revista de História Regional, vol. 15, n. 2, p. 264-278, 2010.

CUESTA FERNANDEZ, Raimundo. Sociogénesis de una disciplina escolar: la história. Barcelona: Ed. Pomares-Corredor, 1997.

FREIRE, Paulo. Pedagogia do Oprimido. São Paulo: Paz e Terra, 1987.

GOVERNO DA PARAÍBA. Proposta Curricular do Estado da Paraíba. João Pessoa: 2018. Disponível em: <https://sites.google.com/see.pb.gov.br/probnccpb/proposta-curricular-ei-e-ef>. Acesso em: 17 out. 2023.

HALL, Stuart. Da diáspora: identidades e mediações culturais. Belo Horizonte: Ed. UFMG; Representações da UNESCO no Brasil, 2003.

HAN, Byung-Chul. Infocracia: digitalização e a crise da democracia. Petrópolis/RJ: Vozes, 2022.

LAVILLE, Christian. A guerra das narrativas: debates e ilusões em torno do ensino de História. Revista Brasileira de História. São Paulo, v. 19, n. 38, p. 125-138, 1999.

LIBÂNEO, José Carlos. A integração entre a didática e a epistemologia das disciplinas: uma via para a renovação dos conteúdos da Didática. In: DALBEN, Ângela. Convergências e tensões no campo da formação e do trabalho docente: Didática e formação de professores. Belo Horizonte: Autêntica, 2010.

MAGALHÃES, Marcelo, ROCHA, Helenice; RIBEIRO, Jaime Fernandes; CIAMBARELLA, Alessandra. Ensino de História: usos do passado, memória e mídia. Rio de Janeiro: Fundação Getúlio Vargas, 2014.

MACEDO, Elizabeth Fernandes de. Fazendo a Base virar realidade: competências e o germe da comparação. Revista Retratos da Escola, Brasília, DF, v. 13, n. 25, p. 39-58, jan./mai. 2019.

LA TAILLE, Yves de; OLIVEIRA, Marta Kohl de; DANTAS, Heloysa de Lima. Piaget, Vygotsky, Wallon: teorias psicogenéticas em discussão. 18 ed. São Paulo: Editora Summus, 1992, 117 p.

OLIVEIRA, Sandra Regina Pereira de; CAIMI, Flávia Eloísa. Vitória da tradição ou resistência da inovação: o ensino de história entre a BNCC, o PNLD e a escola. Educar em Revista, Curitiba, v. 37, e77041, p. 1-22, 2021.

QUEIROZ, Maria Isaura Pereira de. Identidade cultural, identidade nacional no Brasil. Tempo social: Revista de Sociologia da USP, v. 1, n.1, p. 29-46, 1989.

REIS, José Carlos. As identidades do Brasil 1: de Varnhagen a FHC. Rio de Janeiro: Fundação Getúlio Vargas, 2007. RÜSEN, Jörn. Razão histórica. Teoria da História: os fundamentos da ciência histórica. v. 1. Brasília: Editora da UNB, 2001.

RÜSEN, Jörn. História viva. Teoria da História III – Formas e funções do conhecimento histórico. Brasília: Editora da UNB, 2007.

RÜSEN, Jörn. Teoria da História: Uma teoria da história como ciência. Curitiba: Editora da UFPR, 2015.

SACHS, Viola et alii. Religião e identidade nacional: Brasil e Estados Unidos. Rio de Janeiro: Graal, 1988.

SACRISTÁN, José Gimeno. Plano do currículo, plano do ensino: o papel dos professores/as. In: SACRISTÁN, José Gimeno; GÓMEZ, Ángel I. Pérez. Compreender e transformar o ensino. 4. ed. Porto Alegre: Artmed, 1998. p. 197-232.

SACRISTÁN, José Gimeno (org.). Saberes e incertezas sobre o currículo. Porto Alegre: Penso, 2013.

SADDI, Rafael. Didática da História como subdisciplina da ciência da História, Revista História & Ensino, vol. 16, n.1, 2010.

SANTAELLA, Lúcia. A pós-verdade é verdadeira ou falsa? Barueri: Estação das Letras e Cores, 2019.

SAVIANI, Demerval. As concepções pedagógicas na história da educação brasileira. Campinas, ago. 2005. Disponível em: <https://www.histedbr.fe.unicamp.br/pf-histedbr/dermeval_saviani_artigo.pdf.>. Acesso em: 23 fev. 2020.

SCHMIDT, Maria Auxiliadora Moreira dos Santos. Cognição histórica situada: que aprendizagem histórica é esta? ANPUH – XXV Simpósio Nacional de História. Fortaleza, 2009.

SCHMIDT, Maria Auxiliadora Moreira dos Santos. Jörn Rüsen e sua contribuição para a didática da História. Intelligere: Revista de História Intelectual, v. 3, n. 2, p. 61-76, out. 2017.

SCHWARCZ, Lilia Moritz. O espetáculo das raças: cientistas sociais e questão racial no Brasil. São Paulo: Cia das Letras, 1993.

SCOTT, Joan. Gênero: uma categoria útil de análise histórica. Educação & Realidade, 20(2), 71-99, jul./dez., 1995.

SILVA, Marcos. “Tudo que você consegue ser”: Triste BNCC/História (A versão final), Ensino em Re-vista, Uberlândia/MG, v. 25, n. especial, p. 1004-1015, 2018.

XAVIER, Alessandra Silva; NUNES, Ana Ignêz Belém Lima. Psicologia do desenvolvimento. Fortaleza, CE: Editora da UECE, 2015.

Publicado

2024-10-01

Cómo citar

ALVARENGA, T. A. de. Entre inovação e tradição: a Proposta Curricular do Estado da Paraíba (2018). Saeculum, [S. l.], v. 29, n. 50, p. 155–173, 2024. DOI: 10.22478/ufpb.2317-6725.2024v29n50.69133. Disponível em: https://periodicos.ufpb.br/index.php/srh/article/view/69133. Acesso em: 16 oct. 2024.

Número

Sección

Dossiê - O Ensino de História em perspectiva histórica