GIRAS DE ESCREVIVÊNCIAS
Miragens metodológicas para pesquisa pós-estrutural no campo do currículo.
DOI:
https://doi.org/10.15687/rec.v14iEspecial.61164Palavras-chave:
Currículo, Afro-pessimismo, AutobiografiaResumo
O artigo apresenta o diálogo entre a novela “Sabela” de Conceição Evaristo e os questionamentos ontoepistemológicos produzidos pela filósofa Denise Ferreira da Silva, para cunhar proposições metodológicas para pesquisa no campo do currículo. Sonhos, narrativas ficcionais e o universo mitológico afro-brasileiro inspiram os modos de fazer pesquisa construídos, a partir das giras de escrevivências. A partir do conceito de escrevivência cunhado por Evaristo e das refrações infinitas produzidas pelos abebés de Oxum e Iemanjá, (EVARISTO, 2020) o texto convida para produções metodológicas fundadas em epistemologias que refutam o sujeito universal das narrativas modernas, ao tempo em que apontam para ontologias que não obliteram a racialidade. O texto questiona o uso de dados como remetimento à realidade nas pesquisas em educação e defende um modo de pesquisar pelo encontro, a partir das giras de escrevivências. O diálogo entre profissionais de educação que reconhecem o currículo construído na escola e seus atravessamentos na engrenagem racial geraram interpelações à teoria curricular, uma vez que os procedimentos metodológicos do campo reiteram fundamentos lastreados na noção de sujeito transparente e na distribuição desigual da condição ontológica, a partir da noção iluminista de humanidade. O texto defende que acionar as escrevivências como proposta metodológica é apontar para miragens de processos intermináveis de perturbações da identidade, (DERRIDA, 2001) reconhecendo o onticídio (WARREN, 2021) que atravessa a experiência de pessoas negras, cuja integridade permanece em risco. (FERREIRA DA SILVA, 2019)
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