VIDA E (IM)POSSIBILIDADE: ENSAIO SOBRE O ABANDONO

Autores

  • Ana Manso Centro Interdisciplinar de Ciências Sociais (CICS.NOVA), Faculdade de Ciências Sociais e Humanas (FCSH/NOVA) da Universidade Nova de Lisboa, Portugal. http://orcid.org/0000-0003-4249-2747

DOI:

https://doi.org/10.7443/problemata.v10i1.40658

Palavras-chave:

vida, exceção, abandono, deriva, heterotopia.

Resumo

A partir de uma analítica da rede de relações heterogéneas e historicamente situadas que definem (e são definidas por) uma certa racionalidade política, discutimos a condição humana na modernidade avançada nos seus fundamentos politico-filosóficos. A exceção, paradigma da (bio)governamentalidade contemporânea, permeabiliza as relações entre normativo e anormativo, criando zonas de indistinção onde se produz o abandono da vida. Deixada à deriva num movimento errático de auto-referenciação, a vida inscreve-se numa lógica de (im)possibilidade que autoriza e interdita determinadas formas de subjetivação. Lugar de abandono, o corpo biopolítico mostra os limites do poder que o expõe à morte e, nesse instante, constitui-se como heterotopia, anunciando a possibilidade da resistência.

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Biografia do Autor

Ana Manso, Centro Interdisciplinar de Ciências Sociais (CICS.NOVA), Faculdade de Ciências Sociais e Humanas (FCSH/NOVA) da Universidade Nova de Lisboa, Portugal.

Licenciada em Filosofia pela Faculdade de Letras da Universidade do Porto. Em 2006, conclui o mestrado em Estudos da Criança, no Instituto de Estudos da Criança da Universidade do Minho, Braga, Portugal. Em 2016, apresenta a dissertação Condição juvenil e trajetórias de deriva: rotas desviantes em contexto urbano, concluindo o Programa Doutoral em Psicologia na Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação da Universidade do Porto, Portugal. Tem dedicado o seu trabalho de investigação e publicação às problemáticas do desvio juvenil e da institucionalização de menores, procurando uma abordagem que cruza perspectivas teórico-metodológicas diversificadas e, frequentemente, situadas em zonas de fronteira entre as diferentes ciências sociais e humanas.

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Publicado

16-07-2019

Edição

Seção

Ensaios