CONFLITOS ENTRE CORRENTES HEGEMÔNICAS E CONTRA-HEGEMÔNICAS NO CURRÍCULO

entre a incompletude do texto e a opacidade da língua

Autores

DOI:

https://doi.org/10.15687/rec.v16i1.66093

Palavras-chave:

Educação Libertadora, Análise de discurso, Formação inicial docente

Resumo

Nesta pesquisa, foi realizada uma análise de arquivo, tendo como objeto o Projeto Pedagógico do Curso (PPC) de um curso de licenciatura em ciências da natureza. A partir do referencial teórico da Educação Libertadora freireana, bem como outros referenciais críticos, e do referencial teórico-metodológico da Análise de Discurso franco-brasileira, buscou-se observar as condições de produção do discurso materializado no PPC. Por meio da análise, considerou-se que de seu interdiscurso são emergidos elementos como: articulação entre teoria e prática na formação docente; articulação entre ensino, pesquisa e extensão universitária; aproximação entre Universidade e Escola; pedagogia das competências. Por outro lado, alguns silenciamentos foram notados: filiações teóricas; jargões e lugares-comuns; discurso de equidade. Assim, concluiu-se que as perspectivas crítico-transformadoras não podem nem devem aparecer de maneira velada ou implícita num documento desta natureza. Em contrapartida, nesse movimento, é possível considerar o silêncio e a inconclusão presentes no discurso materializado no PPC justamente como pontos de deriva, de transformação e superação da lógica hegemônica.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Métricas

Carregando Métricas ...

Biografia do Autor

Pedro Rocha, Universidade Federal de São Carlos, Brasil.

Mestre e Doutorando em Educação para a Ciência pela Universidade Estadual Paulista "Júlio de Mesquita Filho", Professor da Universidade Federal de São Carlos.

Renato Eugênio da Silva Diniz, Universidade Estadual Paulista "Júlio de Mesquita Filho", Brasil.

Doutor em Educação pela Universidade de São Paulo e Professor da Universidade Estadual Paulista "Júlio de Mesquita Filho".

Fernanda Cátia Bozelli, Universidade Estadual Paulista "Júlio de Mesquita Filho", Brasil.

Doutora em Educação para a Ciência pela Universidade Estadual Paulista "Júlio de Mesquita Filho" e Professora da mesma instituição.

Referências

AGÊNCIA SENADO. Impeachment de Dilma Rousseff marca ano de 2016 no Congresso e no Brasil. 28 dez. 2016. Disponível em: <https://www12.senado.leg.br/noticias/materias/2016/12/28/impeachment-de-dilma-rousseff-marca-ano-de-2016-no-congresso-e-no-brasil> Acesso em: 13 jan. 2023.

AGUIAR, Márcia Angela da Silva; DOURADO, Luiz Fernandes. (Orgs.). A BNCC na contramão do PNE 2014-2024: avaliação e perspectivas. Organização: Márcia Angela da S. Aguiar e Luiz Fernandes Dourado. Recife: ANPAE, 2018. 59 p.

ALTMANN, Helena. Influências do Banco Mundial no projeto educacional brasileiro. Educação e pesquisa, v. 28, n. 1, p. 77-89, 2002.

ARROYO, Miguel. Artigo - Paulo Freire: outro paradigma pedagógico?. Educação em Revista [online]. 2019, v. 35, e214631. Disponível em: <https://doi.org/10.1590/0102-4698214631>. Acessado em: 18 ago. 2022.

BRASIL. Ministério da Educação. Conselho Nacional de Educação. Conselho Pleno. Resolução nº 2, de 1º de julho de 2015. Define as Diretrizes Curriculares Nacionais para a formação inicial em nível superior (cursos de licenciatura, cursos de formação pedagógica para graduados e cursos de segunda licenciatura) e para a formação continuada. Diário Oficial da União. Brasília. 01 jul. 2015.

BRASIL. Ministério da Educação. Conselho Nacional de Educação. Conselho Pleno. Resolução nº 2, de 20º de dezembro de 2019. Define as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Formação Inicial de Professores para a Educação Básica e institui a Base Nacional Comum para a Formação Inicial de Professores da Educação Básica (BNC-Formação). Diário Oficial da União, Brasília, 15 abr. 2020

CÁSSIO, Fernando; CATELLI JÚNIOR, Roberto (Orgs.). Educação é a base? 23 educadores discutem a BNCC. São Paulo: Ação Educativa, 2019. 320 p.

CHASTEEN, John Charles. Born in blood and fire: a concise history of Latin America. 4. ed. Nova Iorque: W.W. Norton & Company, 2016.

COMPIANI, Maurício. Comparações entre a BNCC atual e a versão da consulta ampla, item ciências da natureza. Ciências em Foco, v. 11, n. 1, 2018.

CONTRERAS, José. A autonomia de Professores. São Paulo: Cortez, 2002.

DINIZ-PEREIRA, Júlio Emílio. Da racionalidade técnica à racionalidade crítica: formação docente e transformação social. Perspectivas em Diálogo: revista de educação e sociedade, v. 1, n. 1, p. 34-42, 2014.

DUARTE, Newton. Conhecimento tácito e conhecimento escolar na formação do professor (por que Donald Schön não entendeu Luria). Educação & Sociedade, v. 24, n. 83, p. 601-625, 2003.

DUARTE, Newton. O debate contemporâneo das teorias pedagógicas. In: MARTINS, Lígia Márcia; DUARTE, Newton (orgs.); MARSIGLIA, Ana Carolina Galvão (apoio técnico). Formação de professores: limites contemporâneos e alternativas necessárias. São Paulo: Cultura Acadêmica, 2010, p. 33-50.

DULLO, Eduardo. Paulo Freire e a produção de subjetividades democráticas: da recusa do dirigismo à promoção da autonomia. Pro-Posições, v. 25, n. 3, p. 23-43, 2014.

ERNST-PEREIRA, Aracy; MUTTI, Regina Maria Varini. O Analista de Discurso em Formação: apontamentos à prática analítica. Educação & Realidade, vol. 36, n. 3, set-dez, 2011, p. 817-833

FLÔR, Cristhiane Carneiro Cunha; TRÓPIA, Guilherme. Um olhar para o discurso da Base Nacional Comum Curricular em funcionamento na área de ciências da natureza. Horizontes, v. 36, n. 1, p. 144-157, 2018.

FREIRE, Paulo. A importância do ato de ler: em três artigos que se completam. São Paulo: Autores Associados: Cortez, 1989.

FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2014.

FREIRE, Paulo. Pedagogia da esperança: um reencontro com a pedagogia do oprimido.. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2013.

FREIRE, Paulo. Pedagogia do oprimido. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2011.

FREIRE, Paulo. Professora sim, tia não: cartas a quem ousa ensinar. 24. ed. rev. e atual. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2015.

FREIRE, Paulo; SHOR, Ira. Medo e ousadia: o cotidiano o professor. Tradução: Adriana Lopes. 1. ed. Rio de Janeiro : Paz e Terra, 2013.

GIMENO SACRISTÁN, José (Org.). Saberes e incertezas sobre o currículo. Porto Alegre: Penso, 2013.

GOERGEN, Pedro. Tecnociência, pensamento e formação na educação superior. Avaliação: Revista da Avaliação da Educação Superior (Campinas), v. 19, n. 3, p. 561-584, 2014.

INSTITUTO DE CIÊNCIAS MATEMÁTICAS E DE COMPUTAÇÃO. Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação, 2022. Disponível em: <https://www.icmc.usp.br/>. Acesso em: 16 ago. 2022.

INSTITUTO DE FÍSICA DE SÃO CARLOS. Portal-IFSC, 2017. Disponível em: <https://www2.ifsc.usp.br/portal-ifsc/>. Acesso em: 16 ago. 2022.

INSTITUTO DE QUÍMICA DE SÃO CARLOS. Instituto de Química de São Carlos, 2022. Disponível em: <https://www5.iqsc.usp.br/>. Acesso em: 16 ago. 2022.

INSTITUTO NACIONAL DE ESTUDOS E PESQUISAS EDUCACIONAIS ANÍSIO TEIXEIRA. Censo escolar da educação básica 2016: notas estatísticas. Brasília: INEP, MEC, 2017. Disponível em: <https://download.inep.gov.br/educacao_basica/censo_escolar/notas_estatisticas/2017/notas_estatisticas_censo_escolar_da_educacao_basica_2016.pdf>. Acesso em: 16 ago. 2022.

KASSEBOEHMER, Ana Cláudia; FERREIRA, Luiz Henrique. O espaço da prática de ensino e do estágio curricular nos cursos de formação de professores de química das IES públicas paulistas. Química Nova, v. 31, n. 3, p. 694-699, 2008.

LAGOA, Maria Izabel. A ofensiva neoliberal e o pensamento reacionário-conservador na política educacional brasileira. Revista HISTEDBR On-line, Campinas, SP, v. 19, p. e019006, 2019. Disponível em: <https://periodicos.sbu.unicamp.br/ojs/index.php/histedbr/article/view/8653195>. Acesso em: 13 jan. 2023.

LEMES, Sebastião de Souza. O currículo para a escola democratizada: das pistas históricas às perspectivas necessárias. In: COLVARA, Laurence Duarte (Coord.). Caderno de Formação: formação de professor: Gestão Escolar, v. 2. São Paulo: Cultura Acadêmica, Universidade Estadual Paulista, Univesp, 2013. p. 170-181.

LIBÂNEO, José Carlos. O dualismo perverso da escola pública brasileira: escola do conhecimento para os ricos, escola do acolhimento social para os pobres. Educação e Pesquisa, v. 38, n. 1, p. 13-28, 2012.

MAAR, Wolfgang Leo. Adorno, semiformação e educação. Educação & Sociedade, v. 24, n. 83, p. 459-475, 2003.

MAGOGA, Thiago Flores; MUENCHEN, Cristiane. “Como Ocorre a Construção e Disseminação do Conhecimento Curricular Freireano?” Algumas Sinalizações. Revista Brasileira de Pesquisa em Educação em Ciências, p. e33748, 1–, 2021.

MOREIRA, Antônio Flávio Barbosa. Currículo e controle social. Teoria e Educação, n. 5, p. 41-54, 1992.

NARDI, Roberto; CORTELA, Beatriz Salemme Correa. Formação inicial de professores de física: novas diretrizes, antigas contradições. In: CORTELA, Beatriz Salemme Correa (Org.). Formação de professores de Física em universidades públicas: estudos realizados a partir de reestruturações curriculares. São Paulo: Livraria da Física, 2015. p. 3-24.

NEIRA, Marcos Garcia. Essa base, não. Jornal da USP, 2018. Disponível em: <https://jornal.usp.br/artigos/essa-base-nao/>. Acesso em: 03, mar. 23.

ORLANDI, Eni Puccinelli. Análise de discurso: princípios & procedimentos. 5a ed. Campinas: Pontes, 2005.

ORLANDI, Eni Puccinelli. As formas do silêncio: no movimento dos sentidos. 6a ed. Campinas: Editora da Unicamp, 2007.

ORLANDO, Hiara Cristina Ribeiro. Diretrizes curriculares para os cursos de Ciências Biológicas: discutindo valores a partir de Lacey e da análise do discurso. 2022. Dissertação (Mestrado em Educação) – Departamento de Educação, Universidade Federal de Viçosa, Viçosa, Minas Gerais, 2022.

PEDRANCINI, Vanessa Daiana. Percepção pública da ciência e da tecnologia dos medicamentos: subsídios para o ensino de ciências. 2015. Tese (Doutorado em Educação para a Ciência) – Faculdade de Ciências, Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita filho”, Bauru, São Paulo, 2015.

SÃO PAULO. Secretaria Estadual de Educação. Conselho Estadual de Educação. Deliberações CEE 111/2012 e CEE 126/2014. Altera dispositivos da Deliberação 111/2012. Diário Oficial. Poder Executivo - Seção I. São Paulo, ano 124, n. 110, p. 21, 14 jun. 2014.

SÃO PAULO. Secretaria Estadual de Educação. Conselho Estadual de Educação. Deliberação CEE 132/2015. Acresce dispositivo na Deliberação CEE no 111/2012. Diário Oficial. Poder Executivo - Seção I. São Paulo, ano 125, n. 73, p. 143, 18 abr. 2015.

SAVIANI, Dermeval. Escola e democracia: teorias da educação, curvatura da vara, onze teses sobre a educação política. 35. ed. Campinas: Autores Associados, 2002.

SAVIANI, Dermeval. Formação de professores no Brasil: dilemas e perspectivas. Poíesis Pedagógica, v. 9, n. 1, p. 07-19, 2011.

SAVIANI, Dermeval. História das idéias pedagógicas no Brasil. Campinas: Autores Associados, 2007.

SGUISSARDI, Valdemar. Educação superior no Brasil. Democratização ou massificação mercantil?. Educação & Sociedade, v. 36, n. 133, p. 867-889, 2015.

SILVA, Daniele Cariolano da; THERRIEN, Jacques. Cultura do silêncio e educação libertadora: Aportes freirianos. Educação, v. 45, n. 1, p. e38533, 2022. DOI: 10.15448/1981-2582.2022.1.38533. Disponível em: <https://revistaseletronicas.pucrs.br/index.php/faced/article/view/38533>. Acesso em: 22 jan. 2023.

SILVA, Tomaz Tadeu da. Documentos de Identidade: uma introdução às teorias do currículo. 3. ed. Belo Horizonte: Autêntica, 2016.

SOUZA, Janice Aparecida Janissek de; SANTOS, Elder Carlos dos; LOBO, Angelo Souza; MELO, Leonardo Cardoso de; SOARES, Andreia Cerqueira. Concepções de universidade no Brasil: uma análise a partir da missão das universidades públicas federais brasileiras e dos modelos de universidade. Revista Gestão Universitária na América Latina-GUAL, v. 6, n. 4, p. 216-233, 2013.

TRINDADE, Hélgio. Saber e poder: os dilemas da universidade brasileira. Estudos Avançados, v. 14, n. 40, p. 122-133, 2000.

UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO. Portal USP-São Carlos: História e números, 2022. Disponível em: <http://www.saocarlos.usp.br/historia-e-numeros/>. Acesso em: 16 ago. 2022.

UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO. Comissão Permanente de Licenciaturas. Programa de formação de professores – USP. São Paulo, 2004.

UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO. Projeto Político Pedagógico: Licenciatura em Ciências Exatas. Curso Noturno, Interunidades (IFSC-IQSC-ICMC), São Carlos, 2017.

UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO. Superintendência de Tecnologia da Informação/USP. Informações da disciplina: SLC0622 – Biologia III, 2019. Disponível em: <https://uspdigital.usp.br/jupiterweb/obterDisciplina?nomdis=&sgldis=slc0622>. Acesso em: 20 ago. 2022.

YOUNG, Michael. Para que servem as escolas?. Educação & Sociedade [online]. 2007, v. 28, n. 101, p. 1287-1302. Disponível em: <https://doi.org/10.1590/S0101-73302007000400002>. Acesso em: 20 ago. 2022.

Downloads

Publicado

29-03-2023

Como Citar

ROCHA, P.; DINIZ, R. E. da S. .; BOZELLI, F. C. CONFLITOS ENTRE CORRENTES HEGEMÔNICAS E CONTRA-HEGEMÔNICAS NO CURRÍCULO: entre a incompletude do texto e a opacidade da língua. Revista Espaço do Currículo, [S. l.], v. 16, n. 1, p. 1–23, 2023. DOI: 10.15687/rec.v16i1.66093. Disponível em: https://periodicos.ufpb.br/index.php/rec/article/view/66093. Acesso em: 2 dez. 2024.