SOBRE QUAL ENSINO RELIGIOSO ESTAMOS FALANDO?
a representatividade ancestral afro-brasileira no currículo
Palavras-chave:
Ilê Asé Tassilonã, Educação Étnico-Racial, Cultura Afro-Brasileira, Currículo Escolar, DecolonialidadeResumo
A construção do currículo a partir de elementos da representatividade afro-brasileira é uma necessidade para valorização das nossas raízes culturais. A relevância dos saberes ancestrais para o processo educacional se justifica pelo constante esforço dos movimentos de resistência negra que lutam para que a cultura afro-brasileira seja inserida em amplos espaços sociais, como a escola, por exemplo. Seja pela estruturação de leis ou pelos projetos pedagógicos, a inserção da ancestralidade como ponto de destaque na práxis docente e composição curricular nacional, tem sido mais frequente, embora ainda enfrente desafios no que diz respeito ao acesso e visibilidade perante a sociedade. Nesse sentido, este estudo teve como objetivo central identificar e apresentar elementos que fundamentam a necessidade de se promover um currículo mais acolhedor aos saberes culturais africanos, considerando a sua relevância não apenas formativa, mas, essencialmente, afetiva. Destacamos que pesquisas com este tema são prementes e demandam de um envolvimento acadêmico rigoroso, já que a invisibilidade imposta pelo preconceito e racismo estruturais atua com fervor na dissimulação de uma sociedade igualitária. Para tanto, optamos por uma abordagem etnográfica, partindo da vivência no Ilê Asé Tassilonã - Guarabira - PB, alinhada com uma ampla teia de teóricos que corroboram com a perspectiva da decolonialidade, representada pela introdução e contextualização dos saberes ancestrais no currículo. Como resultados, podemos antecipar a riqueza cultural expressa pela vivência em uma Casa de Asé no sentido de afirmar a potencialidade da cultura afro-brasileira, como um elemento educacional promissor, quando inserida no contexto do currículo.
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