PRECONCEITO E RESISTÊNCIA: o que nos dizem as pessoas trans sobre práticaspolíticas curriculares cotidianas
DOI:
https://doi.org/10.15687/rec.v9i3.29917Resumo
Neste momento em que uma onda conservadora avança sobre a educação e busca mecanismos para proibir, em todo o país, o debate sobre gênero e sexualidade nas escolas, este artigo se propõe a argumentar em favor da necessidade e da urgência dessa discussão, apresentando resultados de uma pesquisa de mestrado que buscou, por meio de conversas com pessoas trans sobre suas vivências escolares, desnaturalizar a produção dos corpos generificados e sexualizados, questionar a produção da diferença substancializada no “diferente” e apontar praticaspolíticas curriculares que engendram preconceitos, violências, discriminações ou mesmo a negação de direitos reivindicados ou adquiridos. O texto também aponta desvios operados com os usos das normas que pretendem regular os modos de experimentar e inventar os corpos, instituindo outras possibilidades para a existência, e infere que a presença de pessoas trans nos cotidianos escolares, por si só, desestabiliza e põe em xeque a ordem social vigente no que diz respeito ao gênero e à sexualidade. Por fim, sugere que esses corpos trans, em seus trânsitos escolares, nos convidam a transpor as inúmeras fronteiras arbitrariamente e constantemente fabricadas entre pessoas, comportamentos, conhecimentos e modos de conhecer e nos impulsionam a transgredir as padronizações que despotencializam a produção e a afirmação de subjetividades não formatizadas.Downloads
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