POLÍTICAS DE INCLUSÃO E CURRÍCULO NO CONTEXTO CONTEMPORÂNEO
das sociedades disciplinares às sociedades de controle
DOI:
https://doi.org/10.22478/ufpb.1983-1579.2018v2n11.38611Palavras-chave:
Sociedades disciplinares, Sociedades de controle, Inclusão, CurrículoResumo
Este ensaio objetiva discutir as transformações próprias das políticas neoliberais, no campo cultural e semântico, pelo fato de instituírem novas formas de ser, de estar e de se relacionar na sociedade. Observa que a efetivação de uma dada realidade se instaura primeiramente na ordem dos discursos, para depois se materializar com efeitos de verdade, produzindo, assim, formas de sujeição. Analisa a passagem das sociedades disciplinares para as sociedades de controle e suas implicações para as políticas curriculares, que têm sido conduzidas no sentido de efetivar um processo de estandardização, e as políticas de inclusão de cunho universalista, que vêm sendo propaladas como uma necessidade, uma questão de direitos humanos. Sinaliza para as políticas de inclusão e para as políticas de currículo como dispositivos biopolíticos a serviço da segurança das populações que, ao se sentirem incluídas nos grupos e nos registros oficiais, se tornam alvos fáceis das ações do Estado. Infere que as implicações dessas políticas para a escola se evidenciam no ajuntamento de muitas existências tristes, tanto de alunos quanto de professores, no monologismo centrado no professor, na produção de várias doenças, nas paixões tristes, na nova tolerância que encobre os fascismos existentes. Com base nessas questões e sob a ótica da transição das sociedades disciplinares para as sociedades de controle, discute as políticas inclusivas e as políticas curriculares como possibilidade de afirmação das singularidades e das diferenças na escola como vida, como acontecimento, como devir, como acaso.
Downloads
Métricas
Referências
BRASIL. Base nacional comum curricular: versão preliminar – segunda versão revista. Brasília: MEC, 2016.
BRASIL. Base nacional comum curricular: versão preliminar – terceira versão. Brasília: MEC, 2017.
BRASIL. Base nacional comum curricular: educação é a base – quarta versão. Brasília: MEC, 2017a.
CERTEAU, Michel. A cultura no plural. Campinas: Papirus, 1995.
CÓSSIO, Maria de Fátima. Base comum nacional: uma discussão para além do currículo. Revista e-Curriculum, São Paulo, v. 12, n. 3 p. 1570-1590 out./dez. 2014.
DELEUZE. Gilles. Diferença e repetição. Rio de Janeiro: Graal, 2006.
FOUCAULT, Michel. Microfísica do poder. 7. ed. Rio de Janeiro: Edições Graal, 1988.
FOUCAULT, Michel. Vigiar e punir: nascimento da prisão. 25. ed. Petrópolis: Vozes, 2002.
FOUCAULT, Michel. Nascimento da biopolítica. São Paulo: Martins Fontes, 2008.
FOUCAULT, Michel. Segurança, território e população. São Paulo: Martins Fontes, 2008a.
FOUCAULT, Michel. Arqueologia das ciências e história dos sistemas de pensamentos: ditos e escritos II. Organização e seleção de textos por Manuel Barros da Motta. Tradução de Elisa Monteiro. 2. ed. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2005.
FREITAS, Helena Costa Lopes. Formação de professores no Brasil: 10 anos de embate entre projetos de formação. Educação & sociedade, Campinas: Cedes, v. 23, n. 80, p. 137-168, 2002.
FREITAS, Luiz Carlos. Habilidades socioemocionais e organização escolar. Disponível em: https://avaliacaoeducacional.com/2017/01/18/habilidades-socioemocionais-e-organizacao-escolar. Acesso em: 19 jan. 2017.
FREITAS, Luiz Carlos. BNCC: como os objetivos serão rastreados. Disponível em: https://avaliacaoeducacional.com/2017/04/07/bncc-como-os-objetivos-serao-rastreados/. Acesso em: 11 abr. 2017.
GUATTARI, Félix; ROLNIK, Sueli. Micropolíticas: cartografias do desejo. 4. ed. Petrópolis: Vozes, 1996.
LAZZARATO, Maurizio. As revoluções do capitalismo. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2006.
LAZZARATO, Maurizio. O governo das desigualdades: crítica da insegurança neoliberal. São Paulo: EdUFSCar, 2011.
LAZZARATO, Maurizio. Signos, máquinas, subjetividades. São Paulo: Edições Sesc São Paulo, 2014.
LOCKMAN, Kamila. Medicina e inclusão escolar: estratégias biopolíticas de gerenciamento do risco. In: FABRIS, Eli Terezinha; KLEIN, Rejane Ramos. (Org.). Inclusão e biopolítica. Belo Horizonte: Autêntica Editora, 2013. (Coleção Estudos Foucaultianos).
LOPES. Maura Corcini. Políticas de inclusão e governamentalidade. Educação & Realidade, v. 34, n. 2, p. 13-19, 2009. Disponível em: http://seer.ufrgs.br/index.php/educacaoerealidade/article/view/9725/5532. Acesso em: 8 nov. 2016.
MACEDO, Elizabeth. Base nacional comum para currículos: direitos de aprendizagem e desenvolvimento para quem? Educação e Sociedade, Campinas, v. 36, n. 133, p. 891-908, out./dez. 2015.
MENEZES, Eliana da Costa Pereira. A maquinaria escolar na produção de subjetividade para uma sociedade inclusiva. 2011. Tese (Doutorado em Educação) – Programa de Pós-Graduação em Educação, Universidade do Vale do Rio dos Sinos, São Leopoldo, 2011.
RECH, Tatiana Luiza. A inclusão educacional como estratégia biopolítica. In: FABRIS, Eli Terezinha; KLEIN, Rejane Ramos (Org.). Inclusão e biopolítica. Belo Horizonte: Autêntica Editora, 2013. (Coleção Estudo Foucaultianos).
SILVA, Tomaz Tadeu. O projeto educacional da “nova” direita e a qualidade total. Universidade e Sociedade, Brasília: Andes, ano VI, n. 10, p. 82-89, jan. 1996.
SILVA, Tomaz Tadeu. Documentos de identidade: uma introdução às teorias do currículo. 2. ed. Belo Horizonte: Autêntica, 2001.
SHIROMA, Eneida Oto. A outra face da inclusão. Teias, Rio de Janeiro, ano 2, n. 3, jan./jun. 2001.
VEIGA NETO, Alfredo.; LOPES, Maura Corcini. Inclusão e governabilidade. Educação e Sociedade, Campinas, v. 28, n. 100, p. 947-963, out. 2007.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Ao submeter um artigo à Revista Espaço do Currículo (REC) e tê-lo aprovado, os autores concordam em ceder, sem remuneração, os seguintes direitos à Revista Espaço do Currículo: os direitos de primeira publicação e a permissão para que a REC redistribua esse artigo e seus metadados aos serviços de indexação e referência que seus editores julguem apropriados.