UTOPIAS E REGULAÇÕES DE UMA BASE NACIONAL COMUM CURRICULAR
projeções ficcionais para juventudes ideais
DOI:
https://doi.org/10.22478/ufpb.1983-1579.2019v12n1.38784Palavras-chave:
Currículo, Base Nacional Curricular Comum, Juventude, DiferençaResumo
Este texto trata dos sentidos postos em disputa pela Base Nacional Curricular Comum, a qual projeta identificações (discente e docente) a partir de objetivos de aprendizagem/ de competências e habilidades preestabelecidas. Discute, portanto, as operações saber-poder que estão em um jogo no qual se restringe a educação ao reconhecimento do já dado, suposto como patrimônio cultural essencial para todos. O projeto de educação básica reinscreve processos complexos de hibridização com discursos variados, visando adesão em múltiplos contextos, com fragmentos que vão desde o progressivismo à teoria crítica, submetidos pela reedição de um viés instrumental. Nesse sentido, a diferença é posta à margem pelo instituído no qual o jovem precisa se adequar. Já com relação aos efeitos na escolarização, a autoavaliação, a responsabilização e a cobrança recaem sobre os indivíduos, exigindo deles uma adequação constante como garantia de empregabilidade em um mundo produtivo sempre em mudança. Parece não haver novidades, mas a pesquisa talvez nos permita perceber e explorar um pouco mais o projeto moralizador que está em curso.
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