DOCÊNCIA, BNCC E CURRÍCULO DE BIOLOGIA
problematizando “a grade” que organiza a escola
DOI:
https://doi.org/10.15687/rec.v16i1.64845Palavras-chave:
BNNC., Currículo., Biologia.Resumo
A docência é desafiadora e instigante para quem se dispõe a enxergá-la muito além da transmissão de conteúdos, sobretudo ao reconhecer educandos/as e educadores/as e todos/as que constituem os currículos escolares e acadêmicos, como sujeitos socioculturais, políticos e históricos. Desse modo, o currículo passou por diversas definições sendo alvo de discussões sobre as perspectivas teórico-analíticas e influências no processo de ensino e aprendizagem, até hoje. Este estudo tem como principal objetivo: problematizar os discursos de professores/as de Biologia sobre currículo e a Base Nacional Comum Curricular (BNCC), a partir da perspectiva dos estudos culturais pós-estruturalistas. Realizamos entrevistas semiestruturadas com 11 docentes cisgêneros masculino e feminino, que ministram as disciplinas de Ciências/Biologia nas redes públicas municipal e estadual. Adotamos a análise foucaultiana do discurso como ferramenta teórico-analítica. Embora o currículo também abranja conteúdos específicos, atividades, avaliações, ensino e aprendizagem, teoria e prática, pode ir além dessa visão generalista no qual encontra-se inserido, ao reconhecer as múltiplas identidades/diferenças socioculturais que permeiam o ambiente escolar. Para tanto, ressaltamos a importância de políticas públicas educacionais que, de fato, visem uma conexão entre escola e sociedade através da (re)construção de currículos escolares pluralistas e democráticos, não mais enclausurados em “grades”, mas que contribuam para a incessante formação sociocultural e política de “sujeitos aprendizes e do aprendizado” para além do conhecimento científico.
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