TRADUÇÕES DAS DISPUTAS SOBRE A QUESTÃO DE GÊNERO NA BNCC

Autores

DOI:

https://doi.org/10.15687/rec.v16i1.65939

Palavras-chave:

Políticas Educacionais., Gênero, BNCC

Resumo

O artigo analisa como as questões de gênero estiveram em disputa no processo de construção da Base Nacional Comum Curricular. Para tanto, por meio de uma análise documental, foca-se o conflito sobre a permanência ou retirada da questão de gênero e orientação sexual nas três versões da BNCC apresentadas pelo Ministério da Educação entre 2015 e 2017. Nas duas primeiras versões desse documento, esse tema esteve presente e foi, de certo modo, privilegiado, ao ser compreendido como eixo fundamental no processo educacional em conjunto com outros marcadores sociais como origem, classe e raça/etnia. Sob os impactos do golpe contra Dilma Rousseff, a sua última versão assumiu um caráter esvaziado quanto ao assunto. Essa “assepsia” não pode ser desvinculada da aliança entre neoliberalismo e neoconservadorismo no país. Constata-se que o modo como se movimentam as políticas educacionais em relação à discussão de gênero funciona como um dos termômetros possíveis para avaliar a correlação das forças sociais no Brasil e a construção de sua democracia em seus avanços e retrocessos.

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Biografia do Autor

Cilésia Lemos, Universidade Federal do Espírito Santo, Brasil.

 Mestra em Educação pela Universidade Federal do Espírito Santo e Doutoranda pela mesma instituição.

Sandra Soares Della Fonte, Universidade Federal do Espírito Santo, Brasil.

Doutora em Educação pela Universidade Federal de Santa Catarina e Professora da Universidade Federal do Espírito Santo. 

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Publicado

03-05-2023

Como Citar

LEMOS, C.; DELLA FONTE, S. S. . TRADUÇÕES DAS DISPUTAS SOBRE A QUESTÃO DE GÊNERO NA BNCC. Revista Espaço do Currículo, [S. l.], v. 16, n. 1, p. 1–22, 2023. DOI: 10.15687/rec.v16i1.65939. Disponível em: https://periodicos.ufpb.br/ojs2/index.php/rec/article/view/65939. Acesso em: 20 abr. 2024.