O feminino sob(re) uma sociedade masculina: traços poéticos de Alice Ruiz

Autores

  • Robson Coelho TINOCO
  • Marília de Alexandria CRUZ

Palavras-chave:

Gênero, poesia, sociedade, modernidade

Resumo

No Brasil, por volta da década de 1970, a produção mais efetiva da chamada “literatura feminina”, ao lado do boom da literatura infantil (com uma crescente produção literária tendo o negro como tema), impõe-se, apesar de algumas críticas no sentido de considerar tal produção como feminista. Alice Ruiz, nesse quadro inicial, destaca-se como poeta preocupada com a já inevitável metamorfose sócio-histórica da relação homem-mulher, uma das marcas da época. Para ela não interessa saber, nem questionar, se essa produção literária trata de destacar a literatura feminina como melhor ou pior que a “masculina”, mas como, no seu entender, se dá a construção de tal estrutura literária. Mais que isso, aliás, interessa-lhe a praxis inovadora da criação poética, antes da mera exegese formatada em teorias acadêmicas que apontam, ainda que corretamente no geral, como “características femininas”, desde então, a tendência – quase obrigatória – a impregnar a palavra escrita com elementos da oralidade, a busca pela palavra fragmentada, o foco temático muito centrado no próprio emissor. Ruiz, além dessas tendências no mais, datadas, pratica a simplicidade direta do texto incisivamente cotidiano, duramente erótico, incansavelmente transgressor.

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Publicado

27.03.2013

Edição

Seção

Artigos do Dossiê