Ruído branco: cotejo das traduções de Pele negra, máscaras brancas, de Frantz Fanon
DOI:
https://doi.org/10.5281/zenodo.16245315Palavras-chave:
Frantz Fanon, Cotejo, Tradução antirracista, DecolonialidadeResumo
Este artigo apresenta o cotejo de duas traduções para o português brasileiro da obra Pele negra, máscaras brancas, escrita por Frantz Fanon e publicada pela primeira em 1952. Percebemos diferenças na compreensão do que é o trabalho tradutório e em sua execução nos textos apresentados por Renato da Silveira (Editora da Universidade Federal da Bahia, 2008) e Sebastião Nascimento, com colaboração de Raquel Camargo (UBU, 2020). Na primeira tradução, essas diferenças são marcadas desde a apresentação à tradução, intitulada Nota do tradutor, e que é iniciada pela máxima "traduttore traditore". Silveira se concentra em comentários técnicos, referentes à sintaxe e ao "sabor" do texto traduzido, fazendo críticas à qualidade do famoso texto fanoniano que se repetem em notas apresentadas durante o texto. Nelas, o tradutor indica impossibilidades tradutórias que levam, inclusive, à supressão de trechos do original, apontando também faltas e falhas na obra de Fanon. Já na segunda tradução, Nascimento e Camargo reservam os comentários de tradução a notas no corpo do texto, que apresentam conceitos e contextualizam a produção da obra. Além disso, alguns apontamentos da tradução de 2020 trazem complexidade às escolhas tradutórias que envolvem, principalmente, marcações raciais. Na tradução mais recente, destacam-se ainda as tentativas de usar o espaço de visibilidade do tradutor no texto para facilitar o acesso a uma obra tão importante e relevante para os estudos e a práxis antirracista, em vez de tentar justificar possíveis problemas de tradução. Nesse sentido, feito o cotejo das notas e de algumas passagens da obra, questiona-se se uma tradução antirracista é possível e o que podemos fazer para tentar alcançá-la.
