A tradução como mediação intercultural: versões intersemióticas da poesia de Baudelaire
DOI:
https://doi.org/10.5281/zenodo.15810302Palavras-chave:
Tradução, Baudelaire, Relação, Mediação, CulturasResumo
O presente artigo tem como objetivo propor uma reflexão sobre a tradução no que tange a seu potencial de mediadora intercultural. Tomando como objeto de análise a obra poética de Charles Baudelaire, procura-se discutir, a partir de diferentes versões nas quais sua poesia se desdobra (Benjamin, 2010) ou é remontada (Cardozo, 2021), seu poder de mediação entre diferentes culturas. Após um breve comentário sobre as traduções de Baudelaire em português, focarei minha análise no mangá As flores do mal (Oshimi, 2010) e no quadrinho Mademoiselle Baudelaire (Yslaire, 2021), comentando também, de modo sucinto, a obra musical Fabulações baudelairianas: récita camerística de botequim (Marcondes, Iumatti, Faleiros, 2024). É através dessas versões intermidiáticas, estimuladas pela poesia baudelairiana, que se revela uma faceta da tradução enquanto condição de uma relação (Cardozo, 2012, 2014, 2021; Berman, 1995), ou de uma mediação, entre diferentes grupos sociais de uma “mesma” comunidade. Tem-se em mente a mediação entre diversas expressões da cultura (Hall, 2016) nas artes, a exemplo da chamada cultura geek. A tradução (lato sensu) representaria uma passagem (Seligmann-Silva, 2018) de mão dupla entre o original e o traduzido, entre linguagens que não se restringem/delimitam tão somente às suas diferenças linguajares (verbal, não-verbal, imagética, musical etc.) para desdobrar a obra, mas que instituem a própria condição de uma mediação intercultural frutífera (resultando em inúmeras leituras), no seio de uma comunidade entendida como culturalmente heterogênea.
