EDUCAÇÃO (ESPECIAL), MÉTODOS DE ENSINO E INSTITUIÇÕES DESTINADAS À SURDEZ EM PORTUGAL: VISÃO SOCIOHISTÓRICA NO SÉC. XIX E INÍCIOS DO XX

EDUCATION (SPECIAL), TEACHING METHODS AND INSTITUTIONS AIMED AT DEAFNESS IN PORTUGAL: SOCIO-HISTORICAL VISION IN THE 19TH CENTURY AND EARLY 20TH)

Autores

DOI:

https://doi.org/10.22478/ufpb.2359-7003.2020v29n2.53480

Palavras-chave:

Surdez, Método oralista, Método gestual, Educação especial, Instituições especializadas

Resumo

O estudo de índole histórico-descritivo trata sobre a educação especial às crianças surdas-mudas no séc. XIX e começos do XX, em Portugal. O seu marco conceptual assenta em fontes documentais e arquivísticas e de outras fontes secundárias no âmbito da História da Educação (Especial) sobre surdos. A nossa argumentação historiográfica, de teor hermenêutico (analítica) incide na educação, ações de ensino (métodos) aos surdos e nas iniciativas institucionais para essas pessoas com deficiência sensorial, ditas ‘anormais’ na época. O debate entre as técnicas de ensino aos surdos (oralismo, gestualismo), no âmbito de uma pedagogia diferenciada, acompanhou as tendências europeias divulgadas (métodos: francês e alemão). Em oitocentos, criaram-se classes/aulas e instituições, com o apoio dos municípios e misericórdias (Lisboa, Porto) e de filantropos ou beneméritos, destacando-se o papel da Casa Pia de Lisboa, instituição pioneira na educação dos surdos-mudos. Os nossos objetivos são os seguintes: compreender a existência de uma pedagogia nacional para os surdos (séc. XIX e parte do XX) e respetivas iniciativas educativas; analisar os métodos ou técnicas de ensino (oralista, gestual) seguidos por alguns pedagogos em instituições; compreender a organização de estudos do Real Instituto para surdos-mudos da Casa Pia e as principais características de aprendizagem. Este retrospecto histórico sobre educação da surdez intenta configurar práticas, orientações metodológicas e propostas educacionais, algumas diferentes, que desenvolveram muitas capacidades nos surdos, apesar de limitações. Toda esta visão historiográfica feita em 4 pontos do texto permitiu conhecer os caminhos percorridos pela comunidade surda, as suas dificuldades e lutas e as formas de intervenção.

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Biografia do Autor

Ernesto Candeias Martins, INSTITUTO POLITÉCNICO DE CASTELO BRANCO

Possui o Título de Agregação à Universidade (área de Educação/H.ª da Educação Social), sendo doutor e mestre em Ciências da Educação, respectivamente pela Univ. Illes Balears (Palma de Mallorca –Espanha) e na Universidade Católica Portuguesa, licenciado em Filosofia pela Universidade Católica Portuguesa e em Pedagogia/Ciencias da Educação pela Universidade Pontíficia de Salamanca / Universidade de Lisboa – FPCE, docente no Instituto Politécnico de Castelo Branco/Escola Superior de Educação do Dept.º UTC-CSH, (co) coordenador dos Mestrados em Educação do 1.º Ciclo, do 1.º / 2.º Ciclo, Intervenção Social Escolar e Educação Especial e do Curso de Licenciatura em Educação Básica na mesma instituição. É membro da SPCE (fundador), da Sociedad Española de Pedagogia, do Institut Estuds Catalans e coordenador da Secção de Filosofia da Educação da SPCE (2003---). Faz parte dos conselhos editoriais de várias revistas nacionais e estrangeiras. E consultor e avaliador de alguns Agrupamentos de Escola e de Centros de Formação de Professores. Faz parte, como membro efectivo, do centro de investigação - CeiEF da Universidade Lusófona de Lisboa. É autor e co-autor de vários livros e algumas centenas de artigos científicos de revistas nacionais e internacionais.

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Publicado

2020-07-30

Como Citar

MARTINS, E. C. EDUCAÇÃO (ESPECIAL), MÉTODOS DE ENSINO E INSTITUIÇÕES DESTINADAS À SURDEZ EM PORTUGAL: VISÃO SOCIOHISTÓRICA NO SÉC. XIX E INÍCIOS DO XX: EDUCATION (SPECIAL), TEACHING METHODS AND INSTITUTIONS AIMED AT DEAFNESS IN PORTUGAL: SOCIO-HISTORICAL VISION IN THE 19TH CENTURY AND EARLY 20TH). Revista Temas em Educação, [S. l.], v. 29, n. 2, 2020. DOI: 10.22478/ufpb.2359-7003.2020v29n2.53480. Disponível em: https://periodicos.ufpb.br/index.php/rteo/article/view/53480. Acesso em: 4 dez. 2024.

Edição

Seção

ARTIGO DE REVISÃO