FILOSOFIA AMBIENTAL E ECOFILOSOFIA
DOI:
https://doi.org/10.7443/problemata.v13i2.63016Palavras-chave:
Ecofilosofia, Clivagem antropocêntrico/ecocêntrico, Ética ambiental, Ecologia ProfundaResumo
Abordar a problemática socioecológica implica adentrar em um domínio semântico plural, indefinido e, por, vezes arriscado. Qualquer elaboração intuitiva sobre nossas relações com a “natureza” acaba por empregar conceitos encharcados de sentido, acerca dos quais é preciso refletir melhor. Mais do que isso, toda tomada de posição diante da ameaça ecológica sustenta tacitamente certos pressupostos sobre o lugar do humano no cosmos, suas possibilidades e responsabilidades diante da natureza mais que humana. Esta e outras questões têm sido abordadas pela Filosofia Ambiental há quase sessenta anos. Já o termo ecofilosofia tem sido empregado majoritariamente em um sentido lato; ora figurando apenas como sinônimo de filosofia ambiental, ora indicando a intersecção entre os domínios da ciência ecológica e da filosofia, ou ainda, nomeando o âmbito geral do pensamento crítico ecologicamente informado, não circunscrito especificamente à filosofia acadêmica. Este artigo pretende argumentar que, para além da mera sinonímia, o termo ecofilosofia acena para uma linha específica de abordagem dos aspectos filosóficos concernentes à problemática socioecológica, caracterizada pela rejeição ao antropocentrismo implícito na concepção dominante das relações humano-natureza e por uma revisão crítica da concepção de meio ambiente e da configuração ontoepistemológica que a sustenta.
Downloads
Referências
ANKER, P. Scandinavy-II Norway. In: Callicott; Frodeman. Encyclopedia of environmental ethics and philosophy. [S.l]: Macmillan, p.233-236, 2009.
AZEVEDO, F. A. ; VALENÇA, M. Z. Por uma ética e estética ambientais. In: Revista Intertox de Toxicologia, Risco Ambiental e Sociedade, v.2, n.1, p.3-42, 2009.
BHASKAR. R. Critical realism in resonance with Nordic ecophilosophy. In: BHASKAR; HOYER;NAESS. Ecophilosophy in a World of Crisis: Critical Realism and the Nordic contribuitions. London, New York: Routledge, 2012, p.9-24.
CAVALCANTI, C. Sustentabilidade: mantra ou escolha moral? Uma abordagem ecológico-econômica. Estudos avançados , v.26, n.74, p.35-50, 2012.
CLARK, J. Reading Deep Ecology. Resenha de Deep Ecology for the Twenty-First Century, de George Session (Ed), 1995. The Trumpeter, v. 12, n. 2, p.96-104, 1995.
DEVALL, W. The Deep Ecology Movement. Natural Resources Journal v.20, n.1, p. 299-322, 1980.
DOBSON, A. Green political thought. 4 ed. London/New York: Routledge, 2007.
DRENGSON, A. An Ecophilosophy Approach, the Deep Ecology Movement, and Diverse Ecosophies. The Trumpeter, v.14, n.3, p.110-121, 1997.
ECKERSLEY, R. Environmentalism and Political Theory: Toward an Ecocentric approach. London: UCL Press, 1992.
FOX, W. Toward a Transpersonal Ecology: Developing new fundations for environmentalism. Boston, London: Shambala, 1990.
FOX, W. Ecophilosophy and Science. The environmentalist, v.14, n.3, p.207-213, 1994.
HONENBERGER, P. Naturalism, pluralism an the human place in the worlds. In: HONENBERGER (ed.) Naturalism end Philosophycal Antropology: Nature, Life, and the Human between Transcendental and Empirical Perspectives. Palgrave Macmillan, 2005, p.94-120.
KELLER, D. GOLLEY, F. [Ed.] The Philosophy of Ecology: From Science to Synthesis. Athens/London:University of Georgia Press, 2000.
KVALØY. S. Complexity and Time: Breaking the Pyramid's Reign. In: REED;ROTHEMBERG (Ed.) Wisdom in the open air : the Norwegian roots of deep ecology. Minneapolis: University of Minnesota Press, 1993, p.116-146.
LIE, S.A.N. Philosophy of Nature: Rethinking naturalness. London: Routledge, 2016.
LIGHT, A. Contemporary Environmental Ethics: From Metaethics to Public Philosophy. Metaphilosophy, v.33, n.4. p.426-449, 2002.
MATHEWS, F. Environmental Philosophy. In: N.N. Trakakis & G. Oppy (eds), A History of Australasian Philosophy. Dordrecht: Springer, p. 543-591, 2014.
MATHEWS, F. Ecological Philosophy. In: Routledge Encyclopedia of Philosophy. Taylor and Francis (Ed.), 1998. Disponível em: <https://www.rep.routledge.com/articles/thematic/ecological-philosophy/v-1> Acesso: Maio 2022.
MONJEAU, A (Ed.). Ecofilosofia. Curitiba: Fundação o Boticário de proteção à natureza, 2008.
NAESS, A. The Shallow and the Deep, Long-Range Ecology Movement. A Summary. Inquiry, v.16, n.1, p. 95-100, 1973.
NAESS, A. Ecology, Community and Lifestyle: Outline an ecosophy. Trad. David Rothenberg. Cambridge: Cambridge University Press, 1989.
NAESS, A. ; SESSIONS, G. Basic Principles of Deep Ecology, 1984. Disponível em: <https://theanarchistlibrary.org/library/arne-naess-and-george-sessions-basic-principles-of-deep-ecology.lt.pdf> Acesso: maio 2022.
NAESS, A. Deep Ecology for the Twenty-Second Century. In: SESSIONS (org.) Deep Ecology for the Twenty-first Century. Boston, London: Shambhala, 1995, p. 463-467.
NERY. D. Uma alternativa para a sociedade: caminhos e perspectivas da permacultura no Brasil. São Carlos: [s/n], 2018.
NORTON, B. Environmental Ethics and Weak Anthropocentrism. Environmental Ethics, v.6, n.2, p.131-148, 1984.
PEREIRA, V.; FREIRE, S.; SILVA, M. P. Ontoepistemologia Ambiental: vestígios e deslocamentos no campo dos fundamentos da educação ambiental. Pro-posições, v.30, e20180011, p.1-25, 2019.
PETERSON, K, R. All That We Are: Philosophical Anthropology and Ecophilosophy. Cosmos and History, v.6, n.1, p. 91-113, 2010.
PLUMWOOD, V. Environmental Culture: The ecological crisis of reason. London, New York: Routledge, 2005.
POBIERZYM, R. P. A missão de uma ecosofia ante a morte da natureza. In: MONJEAU, A. Ecofilosofia. Curitiba: Fundação o Boticário de proteção à natureza, p.69-85, 2008.
REED, P; ROTHEMBERG, D. (Ed.) Wisdom in the open air: the Norwegian roots of deep ecology. Minneapolis: University of Minnesota Press, 1993.
RIBEIRO, J.A.G.; CAVASSAN, O. Os conceitos de ambiente, meio ambiente e natureza no contexto da temática ambiental: definindo significados. Góndola, v,8, n.2, p.61-76, 2013.
SKOLIMOWSKI, E. Eco-philosophie et eco-théologie – Pour une philosophie et une théologie de l’ère écologique. Genebra: Editions Jouvence, 1992.
SYLVAN, R. A Critique of Deep Ecology, Part I. Radical Philosophy, v.40, p 2–12, 1985.
TARGA, D, C. Para uma genealogia da filosofia ambiental. Peri, v.13, n.2, p.73-91, 2021.
VALDÉS, C.A.Z. Ontología relacional: una hierramenta para superar la imagen de mundo. Ekstasis, v.9, n.2, p.81-108, 2020.
VERAS, T. J. S. O clima da liberdade:ecologia e política em Bruno Latour e Axel Honneth. Peri, v.13, n.2, p.109-144, 2021.
WARREN, K. Ecofeminist Philosophy: A Western Perspective on What It Is and Why It Matters. Rowman & Littlefield Publishers, 2000.
WARREN, K. Feminist Environmental Philosophy. In: The Stanford Encyclopedia of Philosophy. Edward N. Zalta (ed.), summer 2015 Edition. Disponível em: <https://plato.stanford.edu/archives/sum2015/entries/feminism-environmental/> Acesso em: fevereiro de 2022.
WHITE JR., L. The Historical Roots of Our Ecological Crisis. Science, v.155, p.1203-1207, 1967.
ZIMMERMAN, M. Contesting Earth’s Future: Radical Ecology and Postmodernity. Berkeley, Los Angeles: University of California Press, 1994.
Downloads
Publicado
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2022 Dante Carvalho Targa
![Creative Commons License](http://i.creativecommons.org/l/by/4.0/88x31.png)
Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.
Autores que publicam nesta revista concordam com os seguintes termos:
- Autores mantém os direitos autorais e concedem à revista o direito de primeira publicação, com o trabalho simultaneamente licenciado sob a Licença Creative Commons Attribution que permite o compartilhamento do trabalho com reconhecimento da autoria e publicação inicial nesta revista.
- Autores têm autorização para assumir contratos adicionais separadamente, para distribuição não-exclusiva da versão do trabalho publicada nesta revista (ex.: publicar em repositório institucional ou como capítulo de livro), com reconhecimento de autoria e publicação inicial nesta revista.
- Autores têm permissão e são estimulados a publicar e distribuir seu trabalho online (ex.: em repositórios institucionais ou na sua página pessoal) a qualquer ponto antes ou durante o processo editorial, já que isso pode gerar alterações produtivas, bem como aumentar o impacto e a citação do trabalho publicado (Veja O Efeito do Acesso Livre).