Os "SEM SENTIMENTOS"

sujeitos em marginalização e a linguagem

Autores

DOI:

https://doi.org/10.22478/ufpb.1983-1579.2020v13n3.52994

Palavras-chave:

Socioeducativo, Necropolítica, Juventude, Subjetividade, Psicanálise

Resumo

Identificando como um dos efeitos da marginalização na subjetividade, o roubo da palavra íntima, a asfixia da fala singular que fuja do estreito repertório de discursos que já os precedem, há cerca de dois anos desenvolvemos oficinas em contextos variados com pessoas que, ou tenham passado pelo sistema penal, pelo socioeducativo, ou estejam efetivamente neles. Por percebermos que, de algum modo, se instaura uma grave dificuldade em se falar de sentimentos, ou seja, em se falar daquilo que nos compõe mas que não tem bem um contorno nítido, que não se mostra evidente nem para nós mesmos e justamente por isso é tão o que somos, fizemos dessa percepção o motivo para uma série de atividades com inspiração psicanalítica com jovens internos nas unidades CRIAAD e CAI – Baixada do Degase/RJ. Neste artigo, então, a expressão, comum de ser anunciada como uma característica “positiva” do criminalizado, o “sem sentimento”, encontrada escrita à lápis, inclusive, sobre uma das mesas da sala onde trabalhamos com eles, dispara uma costura entre alguns relatos de nossas oficinas e um repertório teórico dos estudos da subjetividade, notadamente, retirando consequências do conceito de necropolítica em Mbembe, no sentido de investigar como as subjetividades marcadas pela identificação como “matável” se divorcia falsamente de seus sentimentos, se fixando numa suposta frieza monstruosa que, em vida, facilita o convívio com sua morte enquanto que iminente.

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Biografia do Autor

Gustavo Coelho, Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Brasil.

Professor Adjunto da Faculdade de Educação da UERJ no Departamento de Estudos Aplicados ao Ensino, área de Educação Estética. Doutor em Educação pelo ProPEd/UERJ com estágio sanduíche na Université Paris V - Sorbonne. Docente do Programa de Pós-Graduação em Educação (ProPEd) - UERJ e do Programa de Pós-Graduação em Educação, Comunicação e Cultura em Periferias Urbanas (PPGECC) - FEBF/UERJ.

Priscila Reis, Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Brasil.

Doutoranda em Educação (Proped- UERJ), Mestre em Educação, Cultura e Comunicação em Periferias Urbanas pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro; Especialista em História e Cultura Afro-brasileira e Africana pela Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro; Graduada em Direito pela Universidade Estácio de Sá.

Aline Bemfica, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Brasil.

Doutora em Teoria Psicanalítica pela Universidade Federal do Rio de Janeiro.  Atualmente realiza pesquisa de pós-doutorado pela Fundação de Amparo à Pesquisa da cidade do Rio de Janeiro (FAPERJ/Pós-doc nota 10), na Universidade Federal do Rio de Janeiro.

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Publicado

23-10-2020

Como Citar

COELHO, G.; REIS, P.; BEMFICA, A. Os &quot;SEM SENTIMENTOS&quot;: sujeitos em marginalização e a linguagem. Revista Espaço do Currículo, [S. l.], v. 13, n. 3, p. 426–434, 2020. DOI: 10.22478/ufpb.1983-1579.2020v13n3.52994. Disponível em: https://periodicos.ufpb.br/index.php/rec/article/view/52994. Acesso em: 25 nov. 2024.