Não há mais grave, mais perigosa, e mais temível

a sífilis na Província da Parahyba (1860-1880)

Autores

DOI:

https://doi.org/10.22478/ufpb.2317-6725.2020v25n43.53080

Palavras-chave:

Sífilis, Parahyba, Discurso Médico

Resumo

O artigo tem por objetivo mostrar, a partir da História da Saúde e das Doenças, como a sífilis foi retratada na província da Parahyba, entre os anos de 1860 e 1880, observando a atuação dos poderes públicos para combatê-la e os métodos utilizados na prevenção e terapêutica da doença. Através da documentação consultada, a exemplo dos Relatórios da Inspetoria de Saúde e dos jornais que circulavam na época, percebe-se como a sífilis foi representada na Província. No discurso dos médicos, a sífilis era considerada como um mal perigoso que deveria ser combatido a todo custo, pois era vista como a grande ameaça ao futuro da sociedade. Portanto, no discurso, o mal deveria ser combatido nos seus espaços, prostíbulos, cadeias, entre outros, pois como a sífilis é uma doença infecciosa, fazia-se necessário um maior controle desses espaços considerados insalubres. A meta era se criar uma sociedade sadia, ou seja, civilizada, segundo os preceitos higienistas.

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Biografia do Autor

Serioja Rodrigues Cordeiro Mariano

Possui graduação em História pela Universidade Federal da Paraíba (1995); mestrado em História pela Universidade Federal de Pernambuco (1999), com o tema "Signos em Confronto: o arcaico e o moderno na Princesa (PB) dos Anos Vinte"; e doutorado em História pela Universidade Federal de Pernambuco (2005), intitulado "Gente Opulenta e de Boa Linhagem: Família, Política e Relações de Poder na Paraíba (1817-1824)". É Pós-Doutora pela Universidade Federal de Minas Gerais/PROCAD, com o projeto "A Paraíba e as (inter)conexões provinciais: elites, poder e redes familiares (1825-1840)". Professora Associada III do Departamento de História e do Programa de Pós-Graduação em História da Universidade Federal da Paraíba. Coordena um grupo de pesquisa sobre "Sociedade e Cultura no Nordeste Oitocentista", vinculado ao CNPq. Faz parte do conselho editorial da Revista Saeculum. Tem experiência e leciona na área de História Antiga; História do Brasil e Paraíba com ênfase no século XIX, atuando principalmente em História do Nordeste com interesse em orientação nos seguintes temas: Culturas Políticas; Elites, Redes Familiares, Militares; Guarda Nacional, e História da Saúde e das Doenças no Brasil Oitocentista.

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Publicado

2020-11-18

Como Citar

MARIANO, S. R. C. Não há mais grave, mais perigosa, e mais temível: a sífilis na Província da Parahyba (1860-1880). Saeculum, [S. l.], v. 25, n. 43 (jul./dez.), p. 263–279, 2020. DOI: 10.22478/ufpb.2317-6725.2020v25n43.53080. Disponível em: https://periodicos.ufpb.br/index.php/srh/article/view/53080. Acesso em: 19 abr. 2024.