PROJETOS DE ENSINO MÉDIO

disputas curriculares

Autores

DOI:

https://doi.org/10.22478/ufpb.1983-1579.2020v13n2.43706

Palavras-chave:

BNCC, Disputa Curricular, Ensino Médio, Política Curricular

Resumo

Este texto tem por objetivo problematizar algumas das tensões entre as políticas curriculares para o ensino médio na atualidade, a saber, a reforma do Ensino Médio e o lançamento da terceira versão da BNCC – Base Nacional Comum Curricular, de modo a caracterizar quais disputas e interesses estão em jogo nessa virada educacional, bem como os seus impactos na escola, numa perspectiva curricular. Metodologicamente, fazemos uma discussão teórica e sistematizada de caráter bibliográfico em torno de alguns conceitos do campo curricular, como disputa curricular e política curricular, em interface com o processo de formação humana que fica a cargo da escola de ensino médio. A discussão é acompanhada de uma análise documental, tomando como fontes duas políticas curriculares brasileiras que impactam no ensino médio, no período de 2016-2018: a Lei 13.415/2017 – Reforma do EnsinoMmédio e a BNCC – Base Nacional Comum Curricular do Ensino Médio – 3ª versão. Complementando a análise, valemo-nos da leitura de outros documentos oficiais em vigência como a LDB 9394/1996, a Lei 13.005/2014 e as Diretrizes Curriculares para a Educação Básica (2013). Entre os resultados, questionamos a quem interessa a implantação dessa BNCC sem qualquer construção democrática em que pese a participação dos estudiosos do campo curricular, professores e alunos, bem como apresentamos algumas das tensões engendradas em torno do currículo e quais os possíveis impactos para a formação no Ensino Médio.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Métricas

Carregando Métricas ...

Biografia do Autor

Alaim Souza Neto, Universidade Federal de Santa Catarina, Brasil.

Possui graduação em Licenciatura em Letras, Pedagogia e Engenharia Química, especialização em Literatura Brasileira, Construção do Texto e Informática na Educação, mestrado em Educação e doutorado também em Educação, com pesquisa sobre os usos curriculares das tecnologias digitais pelos professores da educação básica. Realizou Pós-Doutorado no Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade Federal de Santa Catarina - UFSC, com pesquisa sobre a relações entre Currículo Escolar, Formação de Professores e as Subjetividades Docentes que implicam diferentes usos das tecnologias digitais na escola.
É líder do Grupo de Pesquisa registrado no CNPQ intitulado Observatório de Práticas Curriculares, relacionando os campos do Currículo, Formação Docente e Tecnologias. É Pesquisador no Grupo de Pesquisa ITINERA - Pesquisa em Curríulo e Políticas Curriculares da UFSC, e também pesquisador do Grupo de Pesquisa OPE - Observatório de Práticas Escolares da UDESC.
É Professor do quadro permanente da UFSC - Universidade Federal de Santa Catarina, atuando no Departamento de Ciências Exatas e Educação do Campus Blumenau, ministrando as disciplinas de Didática, Organização Escolar e Educação, Ciência e Tecnologia, além de atuar como Coordenador do NUFOR - Núcleo de Formação Continuada de Profissionais da Educação Básica.
Suas pesquisas e produções têm sido voltadas para a área do Currículo, Didática, Políticas Educacionais, Formação de Professores, Tecnologias Digitais e Práticas Curriculares, sobretudo, àquelas relativas às mudanças e inovações curriculares no espaço escolar a partir da inserção das tecnologias digitais.

Referências

AGUIAR, Márcia Angela da S.; DOURADO, Luiz Fernandes (Orgs.). [Livro Eletrônico]. A BNCC na contramão do PNE 2014-2024: avaliação e perspectivas. Recife: ANPAE, 2018.

ANPED. Associação Nacional de Pesquisa e Pós-Graduação em Educação. Oficio nº 01/2015/GR. Rio de Janeiro: ANPED, 2015.

APPLE, Michael W. Ideología e Currículo. 4. ed. Porto Alegre: Artmed, 2008.

__________. “Endireitar” a educação: as escolas e a nova aliança conservadora. Currículo sem fronteiras, v. 3, n. 1, p. 50-59, jan./jun. 2002

__________. Reestruturação educativa e curricular e as agendas neoliberal e neoconservadora: entrevista com Michael Apple. Currículo sem fronteiras, v. 1, n. 1, p. 5-33, 2001.

ARROYO, Miguel. Currículo, território em disputa. Petrópolis: Vozes, 2011.

BALL, Stephen J. Educação global S.A. – novas redes de políticas e o imaginário neoliberal. Trad. Jenete Bridon. Ponta Grossa: UEPG, 2014.

BRANDÃO, Carlos Rodrigues. O que é educação. 24. Ed. São Paulo: Brasiliense, 1989.

BRASIL. Ministério da Educação. Base Nacional Comum Curricular do Ensino Médio. Brasília: MEC, 2018. Disponível em: http://basenacionalcomum.mec.gov.br/documento/BNCC-APRESENTACAO.pdf>. Acesso em: 28 jul. 2019.

__________. Lei nº 13.415, de 16 de fevereiro de 2017. Altera as Leis nºs 9.394, de 20 de dezembro de 1996, que estabelece as diretrizes e bases da educação nacional, e 11.494, de 20 de junho 2007, que regulamenta o Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação, a Consolidação das Leis do Trabalho - CLT, aprovada pelo Decreto-Lei nº 5.452, de 1º de maio de 1943, e o Decreto-Lei nº 236, de 28 de fevereiro de 1967; revoga a Lei nº 11.161, de 5 de agosto de 2005; e institui a Política de Fomento à Implementação de Escolas de Ensino Médio em Tempo Integral. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 2017.

__________. Lei nº 13.005, de 25 de junho de 2014. Aprova o Plano Nacional de Educação - PNE e dá outras providências. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 2014.

__________. Diretrizes Curriculares Nacionais da Educação Básica. Brasília: MEC, 2013.

__________. Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Estabelece as diretrizes e bases da educação nacional. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 23 dez. 1996.

CNTE - Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação, Cadernos de Educação, n. 30. Brasília: CNTE, jan./jun. 2018.

COSSIO, Maria F. Agenda transnacional e governança nacional: as possíveis implicações na formação e no trabalho docente. Revista e-curriculum, São Paulo, v. 13, n. 04, p. 616-640, out./dez. 2015.

DALE, Roger. Globalização e Educação: demonstrando a existência de uma “cultura educacional mundial comum” ou localizando uma “agenda globalmente estruturada para a educação”. Educação e Sociedade, Campinas, v. 25, n. 87, p. 423-460, maio-ago. 2004.

DARDOT, Pierre; LAVAL, Chistian. A nova razão do mundo: ensaio sobre a sociedade neoliberal. Trad. Mariana Echalar. São Paulo: Boitempo, 2016.

EVANGELISTA, Olinda; SEKI, Allan Kenji. Formação de Professores no Brasil: Leituras a Contrapelo. Araraquara: Junqueira & Marin, 2017.

FAVACHO, André Picanço. O que há de novo nas disputas curriculares? Educação & Sociedade, Campinas, v. 33, n. 120, p. 929-932, jul.-set.2012.

FERNANDES, Claudia de Oliveira. Avaliação, currículo e suas implicações: projetos de sociedade em disputa. Revista retratos da escola. Brasília, v. 9, n. 17, p. 397-408, Jul./dez. 2015.

FREITAS, Luiz Carlos de. Os reformadores empresariais da educação e a disputa pelo controle do processo pedagógico na escola. Educação & sociedade, Campinas, v. 35, n. 129, p. 1085-1114, Dec. 2014.

GOODSON, Ivor. A construção social do currículo. Lisboa: Educa, 1997.

LOPES, Alice Casimiro. Apostando na produção contextual do currículo. In: AGUIAR, Márcia Angela da S.; DOURADO, Luiz Fernandes (Orgs.). [Livro Eletrônico]. A BNCC na contramão do PNE 2014-2024: avaliação e perspectivas. Recife: ANPAE, 2018, p. 26-30.

LOPES, Alice Casimiro. Políticas curriculares: continuidade ou mudança de rumos? Revista brasileira de educação. n. 26, maio/jun/jul/ago 2004.

LOPES-DIAS, Antonio Francisco. A democracia como vítima do golpe tragicômico de 2016 no Brasil, Argumentos, ano 10, n. 19 - Fortaleza, jan./jun. 2018, p. 62-72.

MACEDO, Elizabeth. A base é a base. E o currículo o que é? In: AGUIAR, Márcia Angela da S.; DOURADO, Luiz Fernandes (Orgs.). [Livro Eletrônico]. A BNCC na contramão do PNE 2014-2024: avaliação e perspectivas. Recife: ANPAE, 2018, p. 37-40.

MENDONÇA, Erasto Fortes. PNE e Base Nacional Comum Curricular (BNCC): impactos na gestão da educação e da escola. In: AGUIAR, Márcia Angela da S.; DOURADO, Luiz Fernandes (Orgs.). [Livro Eletrônico]. A BNCC na contramão do PNE 2014-2024: avaliação e perspectivas. Recife: ANPAE, 2018, p. 31-26.

PENNA, Fernando de Araújo. “Escola sem Partido” como ameaça à Educação Democrática: fabricando o ódio aos professores e destruindo o potencial educacional da escola. In: MACHADO, André Roberto de A.; TOLEDO, Maria Rita de Almeida. Golpes na história e na escola: o Brasil e a América Latina nos séculos XX e XXI. 1. Ed. São Paulo: Cortez, 2017, p. 247-260.

PONCE, Branca Jurema; CHIZZOTTI, Antonio. O currículo e os sistemas de ensino no Brasil. Currículo sem fronteiras. v. 12, n. 3, p. 25-36, set./dez. 2012.

RAVITCH, Diane. Vida e morte do grande sistema escolar americano: como os testes padronizados e o modelo de mercado ameaçam a educação. Trad. de Marcelo Duarte. Porto Alegre: Sulina, 2011.

SAHLBERG, Pasil. Finnish lessons 2.0. Nova York: Teachers College Press, 2015.

SILVA, Monica Ribeiro da. Currículo, ensino médio e BNCC: Um cenário de disputas, Revista retratos da escola. Brasília, v. 9, n. 17, p. 367-379, jul./dez. 2015a.

SILVA, Tomaz Tadeu da. Documentos de Identidade: uma introdução às teorias do currículo. 3. ed. 7. reimpr. Belo Horizonte: Autêntica, 2015.

SILVA, Tomaz Tadeu da. O currículo como fetiche: a poética e a política do texto curricular. 1. ed. Belo Horizonte: Autêntica, 2010.

SÜSSEKIND, M. L. As (im)possibilidades de uma base comum nacional. Revista e curriculum. São Paulo, v. 12, n. 03 p.1512 – 1529 out./dez. 2014.

THIESEN, Juares da Silva. Para onde caminha o ensino médio? Revista contrapontos – eletrônica, v. 18, n. 2, p, 151-162, Abr./Jun. 2018.

__________. A gestão do currículo nas malhas das redes políticas em escala transnacional. Revista teias, v. 17, n. 17, p. 91-106, Out./Dez. 2016.

VALLE, Ione Ribeiro. Sociologia da educação: currículo e saberes escolares. 2. ed. Florianópolis: Ed. da UFSC, 2014.

YOUNG, Michael F. D. Para quê servem as escolas. Revista educação e sociedade. v. 28, n. 101, p. 1287-1302, 2007.

__________. Knowledge and control: new directions for the sociology of education. London: Collier-Macmillan, 1971.

Downloads

Publicado

19-06-2020

Como Citar

NETO, A. S. PROJETOS DE ENSINO MÉDIO: disputas curriculares. Revista Espaço do Currículo, [S. l.], v. 13, n. 2, p. 284–299, 2020. DOI: 10.22478/ufpb.1983-1579.2020v13n2.43706. Disponível em: https://periodicos.ufpb.br/ojs2/index.php/rec/article/view/43706. Acesso em: 19 dez. 2024.