A filosofia de Rancière na obra de Luiz Fernando Carvalho - proposições televiosinárias na TV Globo (2001-2017)
DOI :
https://doi.org/10.22478/ufpb.1516-1536.2021v23n2.59601Mots-clés :
Luiz Fernando Carvalho , Jacques Rancière , Televisão, Homerização, EmancipaçãoRésumé
Este artigo busca aproximar dois universos de ideias: o do filósofo franco-argelino Jacques Rancière e o do diretor e roteirista de TV brasileiro Luiz Fernando Carvalho, a partir da abordagem de temas contemporâneos essenciais, como a estética e a condição do espectador, pensados fora dos modelos socioeconômicos hegemônicos. A partir das minisséries Os Maias (2001), Capitu (2008), Dois irmãos (2017), da novela Velho Chico (2016) e das declarações/entrevistas dadas pelo próprio diretor sobre os seus princípios estéticos, é possível compreender como Carvalho foi um dos poucos diretores da teledramaturgia global que criticou a homerização das massas, mantida pela oligarquia da TV aberta que subestima o público à semelhança do personagem Homer Simpson, o chefe de família tão preguiçoso quanto alienado que protagoniza o mundialmente famoso desenho animado estadunidense Os Simpsons. O costume de subestimar o espectador da televisão aberta, no Brasil, ganhou a nomenclatura homerização desde 2005, quando o jornalista William Bonner sofreu críticas por identificar quem assistia ao Jornal Nacional com o desmiolado personagem do seriado. Ao apostar na emancipação dos telespectadores, e não no seu embrutecimento, as obras de Carvalho se aproximam das reflexões de Rancière, concebendo o público longe do pressuposto de que há inteligências inferiores e superiores e colocando em questão a identidade do tevente definida de cima para baixo.
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