FILOSOFANDO O ENSINO DE FILOSOFIA:
REFLEXÕES A PARTIR DE PERSPECTIVAS NÃO EUROCÊNTRICAS PARA A FORMAÇÃO DE UMA EDUCAÇÃO ANTIRRACISTA NO BRASIL
DOI:
https://doi.org/10.7443/problemata.v15i1.70225Palavras-chave:
Ensino de Filosofia, Decolonialidade, Pedagogia decolonial, Formação de Professores, Identidade profissionalResumo
Tradicionalmente, as atividades docentes de Filosofia no Ensino Médio são pautadas em filósofos e filosofias eurocêntricas que nos são exaustivamente trabalhadas nos cursos de licenciatura. A realidade dos estudantes brasileiros, em sua mais diversa pluralidade, muitas vezes se distancia dos problemas levantados pelo cânone acadêmico. Acreditamos, neste ínterim, que reflexões realizadas a partir da realidade discente seja um primeiro passo de aproximação do estudante com a filosofia e também o desenvolvimento de uma visão crítica de sua realidade. Para tanto, propomos que tradições filosóficas não eurocêntricas sejam também contempladas para que se possa vislumbrar essa realidade distante do velho mundo, à luz de outros prismas. A partir do giro epistêmico decolonial, principalmente em relação a um ensino de filosofia que não se paute em teorias cristalizadas que reafirmem o caráter colonial da educação filosófica, pensamos em trazer olhares outros que possam dialogar diretamente com o contexto cultural, social, econômico, ético, estético e político desses estudantes. A identificação dessas filosofias como produto de um pensamento crítico que também pode ser desenvolvido por eles, permite que o conhecimento e a autonomia cidadã se desenvolvam mais facilmente. Neste sentido, defendemos que esse processo possa gerar condições para uma educação antirracista dentro e fora da escola, uma vez que a racialização da pluralidade de grupos que convivem e interagem em nossas sociedades possa ser amenizada, quiçá neutralizadas, com a conscientização e problematização da não hierarquização das culturas, ideia introjetada pela colonialidade presente na exploração territorial e humana pelas sociedades europeias modernas. Por fim, propomos determinados filósofos e filosofias que possam auxiliar no processo de uma filosofia da libertação, não somente para os alunos da educação básica, mas também para a formação de professores no nível universitário em suas licenciaturas.
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