NARRATIVAS DE MÉDICAS NEGRAS SOBRE SEU PROCESSO DE ESCOLARIZAÇÃO
cor da pele, cabelo e resistência
DOI:
https://doi.org/10.15687/rec.v15i1.62844Palavras-chave:
Relações étnico raciais, Mulheres negras, Ensino superiorResumo
Este artigo busca contribuir com as reflexões acerca da importância de se discutir as relações étnico raciais ao apresentar narrativas de experiências escolares de médicas negras que vivenciaram situações de racismo estrutural, durante toda a trajetória escolar, incluindo o curso superior em medicina na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Essas narrativas foram produzidas em uma pesquisa de Mestrado que investigou processos de subjetivação de cinco mulheres negras e pobres que ingressaram no curso de medicina no ano de 2009 concluindo-o no ano de 2014. A pesquisa que dá base a este artigo opera com conceitos foucaultianos, em especial os modos de subjetivação. Como metodologia foram utilizadas as entrevistas narrativas, entendidas como uma técnica para produção de informações de pesquisa por meio de uma conversa, a partir de alguns eixos estruturantes. O argumento deste artigo é o de que o corpo negro é o alvo sobre o qual incidem as relações de poder que se referem ao racismo. Assim, para produzir modos de subjetivação, as médicas precisaram ressignificar esse corpo (particularmente no que concerne ao cabelo negro e à cor da pele), fazendo com que ele ocupasse um lugar social historicamente negado ao corpo negro. Nesse processo, elas desestabilizam as relações de poder, criam resistências e produzem outros modos de ser.
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