CONTOS DE FADAS CONTEMPORÂNEOS E ROTEIROS PERFORMÁTICOS DE GÊNERO

possibilidades de re-existência à ofensiva antigênero

Autores

DOI:

https://doi.org/10.22478/ufpb.1983-1579.2020v13n3.54226

Palavras-chave:

Contos de fadas, Currículo, Gênero, Ofensiva antigênero, Resistência

Resumo

Este artigo analisa dois contos de fadas contemporâneos para problematizar as prescrições de feminilidades presentes nas histórias clássicas dos contos de fadas e nos discursos reacionários que circulam na atualidade. Argumentamos, a partir do conceito de performatividade de Judith Butler, que, por um lado, a ofensiva antigênero prescreve que a mulher deve ser princesa e coloca em circulação um discurso reacionário que produz modos autorizados de se performar o gênero em conformidade com os contos de fadas tradicionais. Por outro lado, como forma de resistência, alguns contos de fadas contemporâneos tensionam as normas de gênero e acionam o discurso multicultural para re-existirem ao discurso reacionário ao produzirem modos outros de ser princesa. O referencial teórico se fundamentou na concepção de que o currículo é cultural, é um discurso que produz, autoriza, cria saberes e se desdobra em diferentes pedagogias. Nesse sentido, as narrativas dos contos de fadas, tão presentes no currículo endereçado a crianças, compõem um certo roteiro com relação às aprendizagens de gênero. Elas ensinam, há muito, normas para meninas e meninos, prescrevendo feminilidades e masculinidades tidas como normais. Mas, também podem ser potentes instrumentos para problematizar essas mesmas normas. Nas histórias analisadas é possível perceber a reivindicação de outros “atos performáticos de gênero” (BUTLER, 2019) em relação aos roteiros vividos pela princesa. A trajetória metodológica se deu por meio da análise de discurso de inspiração foucaultiana e mostrou que as narrativas fabricam modos outros de apresentar os comportamentos da princesa e pluralidade na caracterização dos corpos das personagens.

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Biografia do Autor

Maria Beatriz Vasconcelos, Universidade Federal de Minas Gerais, Brasil.

Mestranda pelo programa de Pós-Graduação em Educação da FaE/UFMG. Pós-graduada em Práticas de Alfabetização e Letramento pela UFSJ. Graduada em pedagogia pela FaE/UEMG, Campus Belo Horizonte. Integrante do GECC (Grupo de Estudos e Pesquisas em Currículos e Culturas da FaE/UFMG). Professora no Ensino Fundamental.

Paula Myrrha Ferreira, Universidade Federal de Minas Gerais, Brasil.

Mestranda pelo programa de Pós-Graduação em Educação da Faculdade de Educação (FaE) da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e graduada em pedagogia pela mesma instituição. Integrante do GECC (Grupo de Estudos e Pesquisas em Currículos e Culturas da FaE/UFMG). Professora na Educação Infantil.

 

Shirlei Rezende Sales, Universidade Federal de Minas Gerais, Brasil.

Pós doutora pela University of Illinois at Urbana-Champaign, USA. Professora do Programa de Pós-Graduação da Faculdade de Educação da Universidade Federal de Minhas Gerais, Brasil. Doutora em Educação pela mesma instituição. Membro do Observatório da Juventude da UFMG e do Ensino Médio em Pesquisa.

Maria Carolina Caldeira, Universidade Federal de Minas Gerais, Brasil.

Doutora e Mestre em Educação (UFMG). Professora do Centro Pedagógico da Escola de Educação Básica e Profissional da UFMG e do Programa de Pós-Graduação em Educação: Conhecimento e Inclusão Social. Membro do grupo de Estudos e Pesquisa em Currículos e Culturas (GECC/FaE/UFMG).

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Publicado

19-10-2020

Como Citar

VASCONCELOS, M. B.; MYRRHA FERREIRA, P. .; REZENDE SALES, S.; CALDEIRA, M. C. CONTOS DE FADAS CONTEMPORÂNEOS E ROTEIROS PERFORMÁTICOS DE GÊNERO: possibilidades de re-existência à ofensiva antigênero. Revista Espaço do Currículo, [S. l.], v. 13, n. 3, p. 389–407, 2020. DOI: 10.22478/ufpb.1983-1579.2020v13n3.54226. Disponível em: https://periodicos.ufpb.br/index.php/rec/article/view/54226. Acesso em: 18 dez. 2024.