MIGRANTES NO IMPÉRIO DO BRASIL: A TRAJETÓRIA DE JEAN BAZET NAS ORIGENS DA VILA DE NOVA FRIBURGO, 1820-1858

Resumo

O presente artigo tem o objetivo de discutir a formação da Vila de São João Batista de Nova Friburgo, na província do Rio de Janeiro, com foco na trajetória do médico e colono suíço Jean Bazet, entre os anos de 1820 e 1858. As balizas cronológicas adotadas marcam a chegada à vila de Nova Friburgo e a data em que Bazet, já residindo em Paris, faleceu. Para isso, será analisada a formação da vila de Nova Friburgo no contexto de expansão dos “sertões do Leste” e sua ligação com a escravidão e com o plantio de café como meios de ascensão social na região. Por outro lado, também serão investigados como os empréstimos a juros e as compras de apólices da dívida pública – atividades usurárias por excelência – configuravam-se em meios de expansão e reprodução da riqueza do médico. Compreender as formas de assimilação e adequação dos migrantes ao modo de vida imperial leva-nos a verificar as relações sociais estabelecidas por eles com membros da elite local, além de revelar métodos de ascensão social e obtenção de títulos nobiliárquicos. A base para as análises aqui propostas é um corpo documental composto por arquivos paroquiais, cartoriais e judiciais, os Livros de Atas da Câmara de vereadores de Nova Friburgo e periódicos. Somado a essas fontes, contamos com um documento ainda inédito, o inventário de Jean Bazet. O conjunto dessas fontes, em diálogo com a historiografia referente ao tema, permitirá uma compreensão mais ampla das possibilidades e estratégias de enriquecimento durante o oitocentos. Por certo, Bazet nunca foi um grande fazendeiro escravista, mas suas atividades são as de um capitalista de sucesso no Império do Brasil.