Júpiter orador: a retórica divina nas Metamorfoses de Ovídio
Palavras-chave:
Poética, Retórica, Ovídio, As Metamorfoses, TraduçãoResumo
Analisando os versos de número 163 a 252 do Livro I das Metamorfoses de Ovídio, procuramos verificar os efeitos retóricos no discurso persuasivo de Júpiter, que convence os deuses a votar a favor do dilúvio, contra a humanidade que se tornou cruel e ímpia. Nessa passagem, Ovídio coloca Júpiter, o deus supremo, na função de um orador dotado de qualidades excepcionais, incluindo um éthos inquestionável. Nesse episódio, um tema possível é a metamorfose dos ânimos, uma vez que as opiniões foram transformadas pela retórica eficiente do deus-orador. Ademais, narra-se a metamorfose de Licaão em lobo, figura que simboliza a índole da raça humana: feroz e sanguinária. O escopo teórico tem como base o pensamento de Aristóteles sobre Retórica, sem dispensar alguns comentadores modernos, quer sobre a poética ovidiana, como Anderson, quer sobre os estudos retóricos, como Meyer. Ademais, inclui-se uma tradução do excerto com notas explicativas, a fim de elucidar o texto latino a um público amplo. Em anexo, também se apresenta o excerto traduzido pelo poeta Bocage, a fim de propiciar ao leitor uma experiência poética de leitura, em equivalência expressiva com os versos ovidianos.
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