A BASE NACIONAL COMUM CURRICULAR E O USO DAS TECNOLOGIAS NA EDUCAÇÃO MATEMÁTICA

discursos da reforma curricular

Autores

DOI:

https://doi.org/10.22478/ufpb.1983-1579.2020v13n1.43640

Palavras-chave:

Reforma Curricular, Currículo prescrito, Educação Matemática, Tecnologias Digitais

Resumo

As reformas curriculares, dentre outros objetivos, visam a modificação conforme a predisposição governamental para a inserção de mão de obra na sociedade. Essas mudanças contemporâneas possuem regimes de verdades que podem estar fundamentadas com propensão ao mercado, adaptando-se às imposições alheias ao processo educacional, como a indicação sobre o uso das tecnologias, que podem ser inseridas não pela maximização do conhecimento, mas para proporcionar o domínio da ferramenta. Assim, o presente artigo apresenta a conexão do processo de implementação da Base Nacional Comum Curricular (BNCC) e as suas intenções acerca das Tecnologias Digitais (TD) para o ensino de Matemática. A investigação foi organizada consoante as ferramentas de Foucault e o método cartográfico, de acordo com Deleuze. Quanto às teorias foucaultianas, foram adotados conceitos da genealogia do poder, como biopoder, biopolítica e governamentalidade. Foi possível analisar as resistências que surgiram com o decorrer de versões preliminares até a homologação, e os interesses que poderiam estar relacionados com os processos da reforma curricular, como a orientação para o mercado e a utilização de Tecnologias Digitais, que podem ser considerados como fatores imprescindíveis.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Métricas

Carregando Métricas ...

Biografia do Autor

Matheus dos Santos Souza, Universidade Federal Fluminense, Brasil.

Mestrando do Programa de Pós-Graduação em Ensino e Licenciado em Matemática pelo Instituto do Noroeste Fluminense de Educação Superior (INFES), da Universidade Federal Fluminense (UFF). Membro do Grupo de Pesquisa “Currículo e Tecnologias Digitais em Educação Matemática”.

Marcelo de Oliveira Dias, Universidade Federal Fluminense, Brasil.

Docente do Programa de Pós Graduação em Ensino (PPGen/UFF/INFES), Pós doutor em Educação, especialidade em Didática da Matemática pelo Instituto de Educação (IE) da Universidade de Lisboa (UL) e em Educação pela Universidade Federal na Bahia (UFBA). Doutor em Educação Matemática (PUC-SP). Líder do Grupo de Pesquisa “Currículo e Tecnologias Digitais em Educação Matemática”.

Referências

A ASSOCIAÇÃO NACIONAL DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA EM EDUCAÇÃO. A Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Educação (ANPEd) e a Base Nacional Comum Curricular (BNCC). Disponível em: http://www.anped.org.br/sites/default/files/images/a_anped_e_a_bncc_versao_final.pdf. Acesso em: 20 out. 2018.

ALMEIDA, Maria Elizabeth Bianconcini. Tecnologia de informação e comunicação na escola: novos horizontes na produção escrita. Avaliação e Políticas Públicas em Educação, v. 12, n. 43, p. 711–725, 2004.

ASSOCIAÇÃO NACIONAL PELA FORMAÇÃO DOS PROFISSIONAIS DA EDUCAÇÃO. Posição preliminar da ANFOPE sobre a BNCC. Unicamp, 2017. Disponível em: https://www.fe.unicamp.br/pf-fe/noticia/3302/bncc_carta_anfope_floripa-1.pdf. Acesso em: 20 out. 2018.

BRASIL. Lei nº 13.005, de 25 de junho de 2014. Aprova o Plano Nacional de Educação – PNE e dá outras providências. Diário Oficial da União, Brasília, 26 de junho de 2014. Disponível em: http://www.observatoriodopne.org.br/uploads/reference/file/439/documento-referencia.pdf. Acesso em: 23 jul. 2018.

BRASIL. Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Estabelece as diretrizes e bases da educação nacional. Diário Oficial da União, Brasília, 23 de dezembro de 1996. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9394.htm. Acesso em: 23 jul. 2018.

BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil (1988). Brasília, DF: Senado Federal, 1988. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm. Acesso em: 23 jul. 2018.

BRASIL. Ministério da Educação. Base Nacional Comum Curricular (BNCC). Educação é a base. Brasília: MEC, 2017.

DALAROSA, Adair Ângelo. Globalização, neoliberalismo e a questão da transversalidade. In: LOMBARDI, J. C. (org). Globalização, pós-modernidade e educação: história, filosofia e temas transversais. 3. ed. Autores associados: HISTEDBR; SC: UnC. São Paulo, 2009.

DANNER, Fernando. O sentido da Biopolítica em Michel Foucault. Revista Estudos Filosóficos, n. 4, p. 143 – 157, 2010.

DARDOT, Pierre; LAVAL, Christian. A nova razão do mundo: ensaio sobre a sociedade neoliberal. São Paulo: Boitempo, 2016.

DELEUZE, Gilles. Foucault. Tradução Claudia Sant' Anna Martins; revisão da tradução: Renato Ribeiro. São Paulo: Brasiliense, 5. reimpressão, 2005.

DELEUZE, Gilles. Que és un dispositivo? In: BALIBAR, E.; DREYFUS, H.; DELEUZE, G. et al. Michel Foucault, filósofo. Barcelona: Gedisa, 1999, p. 155-163.

FERREIRA, Emília F., SOARES, Adriana B., LIMA, Cabral. A Representação do Conhecimento Geométrico e as Concepções de Professores de Matemática num Ambiente de Geometria Dinâmica. In: CONGRESSO DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE COMPUTAÇÃO, 25., 2005, São Leopoldo. Anais [...]. São Leopoldo: UNISINOS, 2005. p. 2851- 2859.

FOUCAULT. Michel. Microfísica do poder. Org. e Trad.: Roberto Machado. Rio de Janeiro: Edições Graal, 1979.

FOUCAULT, Michel. Lecture from 7 January 1976. In: GORDON, C. (ed.). Power/Knowledge. Selected interviews and other writings, 1972–1977, p. 78–92. Brighton: Harvester, 1980.

FOUCAULT, Michel. Como se exerce o poder? In: DREYFUS, H.; RABINOW, P. Michel Foucault, uma trajetória filosófica. Tradução: Vera Porto Carrero. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 1995.

FOUCAULT, Michel. Estratégia, poder-saber. In: MOTTA, M. B. (org.). Tradução de Vera Lúcia Avellar Ribeiro. 2. ed. Rio de Janeiro: Forense Universitária, p. 222-305, 2006.

FOUCAULT, Michel. Vigiar e Punir: nascimento da prisão. Tradução de Raquel Ramalhete. 34. ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2007.

FOUCAULT, Michel. Segurança, Território, População. Curso dado no Collège de France (1977-1978). Tradução: Eduardo Brandão. São Paulo: Martins Fontes, 2008.

FREITAS, Alexandre. A Base Nacional Comum Curricular e a educação banqueira. Carta Capital, 2016. Disponível em: https://www.cartacapital.com.br/educacao/educacao-banqueira. Acesso em: 20 out. 2018.

GARCIA, Maria Manuela Alves Garcia. Políticas educacionais contemporâneas: tecnologias, imaginários e regimes éticos. Revista Brasileira de Educação, v. 15 n. 45 set./dez. 2010.

GARCIA, Lenise Aparecida Martins. Competências e Habilidades: você sabe lidar com isso? CECIERJ Online, [2016?]. Disponível em: http://www.educacaopublica.rj.gov.br/biblioteca/educacao/0023c.html. Acesso em: 05 jun. 2018.

GAUTHIER, Rogers François. The competency-based approach to curriculum reform in five African countries: What can we learn from the 2008–2009 evaluation? In: Prospects. UNESCO IBE, p. 429-439, 2013.

GIMENES, Solange Sardi. O Desenvolvimento do Raciocínio Geométrico em Atividades Investigativas com Uso do Computador. In: ENCONTRO NACIONAL DE ESTUDANTES DE PÓS-GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO MATEMÁTICA, 17., 2013, Vitoria. Anais [...]. Vitória: UFES, 2013, p. 1-12.

HODGSON, David. Conceptualising the compulsory education policy apparatus: producing and reproducing risky subjectivities. Journal of Education Policy, p. 117-132, 2017.

HUANG, Rongjin; ZBIEK, Rose Mary. Prospective Secondary Mathematics Teacher Preparation and Technology (PSMT). In: KAISER, G. (ed.). The Mathematics Education of Prospective Secondary Teachers Around the World, USA, 2017, p. 17-23.

KASTRUP, Virgínia; PASSOS, Eduardo. Cartografar é traçar um plano comum. Fractal, Rev. Psicol., v. 25, n. 2, p. 263-280, mai./ago. 2013.

KIRWAN, Liz; HALL, Kathy. The mathematics problem: the construction of a market-led education discourse in the Republic of Ireland. Critical Studies in Education, v. 57, p. 1-18, 2015.

LIBÂNEO, José Carlos; OLIVEIRA, João Ferreira; TOSCHI, Mirza Seabra. Educação escolar: políticas, estrutura e organização. 10. ed. rev. e ampl. - São Paulo: Cortez, 2012.

LOMBARDI, José Claudinei (org). Globalização, pós-modernidade e educação: história, filosofia e temas transversais. 3. ed. Autores associados: HISTEDBR; SC: UnC. São Paulo, 2009.

MARCELLO, Fabiana de Amorim. O conceito de dispositivo em Foucault: mídia e produção agonística de sujeitos-maternos. Educação e Realidade, v. 29, n. 1, p. 199-213, jan./jun. 2004.

MENDES, Iran Abreu. Matemática e investigação em sala de aula: tecendo redes cognitivas na aprendizagem. 2. ed. São Paulo: Livraria da Física, v. 01, 2009.

MINAYO, Marília Cecília de Souza. (Org.). Pesquisa Social: teoria, método e criatividade. Petrópolis, RJ: Vozes, 2003.

MIRANDA, Guilhermina Lobato. Limites e possibilidades da TIC na educação. In: revista de ciências da educação, n. 3, p. 41-50, 2007.

MONTAÑO, Mónica Rocío Baron. Tecnologias digitais e construção de subjetividades na juventude. In: SEMINÁRIO BRASILEIRO, 6. / SEMINÁRIO INTERNACIONAL DE ESTUDOS CULTURAIS E EDUCAÇÃO, 3., 2015, Canoas. Anais [...]. Canoas: ULBRA, 2015. p. 1-14.

NATIONAL COUNCIL OF TEACHERS OF MATHEMATICS. Strategic Use of Technology in Teaching and Learning Mathematics A Position of the National Council of Teachers of Mathematics. 2015.

PARAISO, Marlucy Alves. Currículo, Desejo e Experiênica. Educação e Realidade, v. 34, n. 2, p. 277-293, mai./ago. 2009.

PASSOS, Cármen Lúcia Brancaglion; NACARATO, Adair Mendes. Trajetória e perspectivas para o ensino de Matemática nos anos iniciais. Estudos Avançados, São Paulo, v. 32, n. 94, p. 119-135, dez. 2018.

VEIGA-NETO, Alfredo. Foucault & a Educação. 2. ed. 1. reimp. Belo Horizonte: Autêntica, 2007.

VENCO, Selma Borghi; CARNEIRO, Reginaldo Fernando. “Para quem vai trabalhar na feira... essa educação está boa demais”: a política educacional na sustentação da divisão de classes. Horizontes, v. 36, n. 1, p. 7-15, jan./abr. 2018.

SHAPIN, Steven. Nunca Pura: Estudos Históricos de Ciência como se Fora Produzida por Pessoas com Corpos, Situadas no Tempo, no Espaço, na Cultura e na Sociedade e Que Se Empenham por Credibilidade e Autoridade. Tradução Erick Ramalho. l. ed. Belo Horizonte, MG : Fino Traço, 2013.

SOCIEDADE BRASILEIRA DE EDUCAÇÃO MATEMÁTICA. Contribuições da SBEM para a Base Nacional Comum Curricular. 2015. Disponível em: http://www.sbembrasil.org.br/files/BNCC_SBEM.pdf. Acesso em: 22 mai. 2019.

Downloads

Publicado

16-04-2020

Como Citar

DOS SANTOS SOUZA, M. .; DE OLIVEIRA DIAS, M. A BASE NACIONAL COMUM CURRICULAR E O USO DAS TECNOLOGIAS NA EDUCAÇÃO MATEMÁTICA: discursos da reforma curricular. Revista Espaço do Currículo, [S. l.], v. 13, n. 1, p. 233–251, 2020. DOI: 10.22478/ufpb.1983-1579.2020v13n1.43640. Disponível em: https://periodicos.ufpb.br/index.php/rec/article/view/43640. Acesso em: 18 abr. 2024.