A narrativa autobiográfica e a memória da ditadura civil-militar: uma análise comparada entre Brasil e Argentina
Palavras-chave:
Memória, Ditaduras Militares, Relatos autobiográficos, Brasil, ArgentinaResumo
Dentre os acontecimentos que contribuíram para a caracterização do século XX como sendo a “era das catástrofes”, ou “dos extremos”, as ditaduras civis-militares instauradas na segunda metade do século no continente latino-americano podem ser consideradas como fenômenos que reforçam esta ideia. A experiência individual e a vivência coletiva moldadas por esse contexto histórico propiciaram (e ainda propiciam) material considerável para a produção de obras literárias marcadas pela tônica testemunhal, característica aos relatos autobiográficos. Partindo-se desse panorama, o presente trabalho tem como objetivo estabelecer uma análise comparada entre duas narrativas de cunho autobiográfico que se inserem em um escopo mais amplo de obras cujo motivo central é o resgate do passado vivenciado durante os anos de ditadura militar no Brasil e na Argentina. Apresentando a memória – considerada nos planos individual e coletivo – como fio condutor das narrativas, a jornalista brasileira Maria Pilla (2015) e a escritora argentina Nora Strejilevich (2006) fornecem em Volto semana que vem e em Una sola muerte numerosa, relatos autobiográficos de suas vivências enquanto militantes e perseguidas pelos regimes militares que se instauraram nos países mencionados entre as décadas de 60 e 80. A partir das obras em questão, a abordagem comparada possibilitou a identificação de afinidades na forma como as autoras constituem, processam e materializam a memória do trauma individual e coletivo na tessitura do texto literário.
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